CADERNO DE RESUMO DAS
SESSÕES COORDENADAS
03/09/2018, segunda-feira,
das 14h ÀS 15h50
SESSÃO
01 - IMPRENSA, POLÍTICA E REPRESENTAÇÕES I
Sala
104B
RICARDO I E SALADINO: UM ESTUDO HISTORIOGRÁFICO SOBRE AS MOTIVAÇÕES
POLÍTICAS E AS CAMPANHAS MILITARES DA TERCEIRA CRUZADA (1189-1192)
Viviane Vedana
UFFS - Campus Chapecó, Projeto de Pesquisa
(IC), vivianevedanadelima@gmail.com
Resumo: Esta pesquisa tem como enfoque a Terceira Cruzada, iniciada no
ano de 1189, com duração até 1192, tendo fim com um tratado de paz firmado
entre o rei inglês Ricardo I, principal comandante da Cruzada pelo lado
ocidental, e o sultão Saladino, líder árabe no confronto. As Cruzadas tiveram
início em 1095, pela convocação do papa Urbano II para a retomada de Jerusalém
dos muçulmanos. O intuito desta pesquisa é entender a fundamentação das
Cruzadas a partir do estudo sobre o exercício de poder de Ricardo I na Terceira
Cruzada. Para isso, recorremos à documentação da Primeira e da Terceira
Cruzada, percebendo os eventos a partir de uma perspectiva historiográfica
política e militar. Inicialmente, intenta-se problematizar os documentos sobre
a Primeira Cruzada, para compreender esse contexto inicial. A partir disso, o
estudo do relato de um cavaleiro, bem como de uma bula papal, se faz pertinente
à discussão à medida que trabalha com importantes eventos da Terceira Cruzada.
Os confrontos seguintes, estudados pelos relatos de peregrinos, são
responsáveis pelo início da Terceira Cruzada, considerada pela historiografia
como uma tentativa falha de recuperar a Terra Santa para os cristãos. Este
trabalho busca entender as diferentes motivações usadas nesse contexto, pela
perspectiva historiográfica atual sobre apelos políticos e meios militares
tomados para a convocação de cruzados na luta pela reconquista da Terra Santa.
Tomam-se como fontes primárias diversos documentos encontrados no livro The
Crusades: A documentary history, de James Brundage. Alguns desses fazem parte
da seleção Itinerarium peregrinorum et gesta regis Ricardi, e dizem respeito
aos relatos de peregrinos da Terceira Cruzada. Outros, não integrantes dessa
série, referem-se a um relato escrito por um cavaleiro, no século XII, o De
expugatione terrae sanctae per Saladinum, a um do monge Eceardo de Aura, e ao
relato de Roberto, o monge, sobre a convocação do papa Urbano II para as
Cruzadas, em Clermont, de 1095, bem como à bula papal Audita tremendi, do papa
Gregório VIII (1187), convocando a Terceira Cruzada. Os relatos da Primeira
Cruzada são do monge Eceardo, que fala sobre os antecedentes desta e de suas
impressões e do discurso de Urbano sobre a necessidade de se empreender uma
Cruzada, enquanto que os da Terceira narram seus principais eventos. Desta
forma, a problematização feita questiona os seguintes aspectos: qual o ganho
efetivo para o rei Ricardo I na conquista de Jerusalém? Qual é a relação entre
Ricardo I e Saladino e seus impactos para a Cruzada? Como as identidades árabes
foram tratadas nesse processo? Quais foram os fatores que levaram cristãos a
lutarem nas Cruzadas? Como esse processo pode ser compreendido enquanto uma
guerra santa?
Sendo assim, recorreremos aos documentos para compreender, pelos vieses
político e militar, a fundamentação das Cruzadas.
Palavras-chave: Ricardo I;
Saladino; Cruzadas; Política; Identidade.
O ANTICLERICALISMO NAS PÁGINAS DO
JORNAL A LANTERNA (1909-1916)
Samuel
Felipe Schmitz Junges
UFFS
– campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), samuel_junges@hotmail.com
Durante
o texto faremos uma pequena exposição sobre a fonte e o problema de pesquisa,
que tem o propósito de analisar o jornal A Lanterna entre os anos de 1909 a
1916, buscando as manifestações anticlericais presentes ao longo das
publicações do mesmo. Em um segundo momento iremos contextualizar o período
estudado, a Primeira República, e iniciar uma discussão historiográfica sobre o
anticlericalismo na imprensa operária da época.
Palavras-chave:
Anticlericalismo; Anarquismo; Imprensa Operária;
ALZIRA SORIANO PRIMEIRA MULHER
PREFEITA DO BRASIL: UMA ANÁLISE A PARTIR DO JORNAL O PAIZ (1928)
Isabel
Engler
UFFS
– campus Chapecó, Projeto de Pesquisa (IC), isa97_engler@hotmail.com
O
presente trabalho a ser apresentado refere-se ao projeto de pesquisa do
trabalho de conclusão de curso em história da UFFS. O objetivo é analisar a
figura de Alzira Soriano, através do jornal o Paiz, um dos jornais de maior circulação
na república velha e a repercussão do debate da participação da mulher na
política, visto que, a virada do século foi essencial, para a luta de direitos
que inquietavam as mulheres desde o século XIX. Alzira Soriano foi eleita em
1928, quando o voto feminino ainda não estava instituído em todo Brasil, assim
por uma lei estadual do Rio Grande do Norte, lei n ° 660, de 25 de outubro de
1927, as mulheres deste estado puderam votar e ser votadas. Deste modo, Alzira
Soriano venceu as eleições com 60% dos votos na pequena cidade de Lages, em 2
de setembro de 1928, o candidato derrotado sentiu-se tão humilhado em perder
para uma mulher que mudou-se de cidade. A figura de Alzira Soriano no jornal o
Paiz sempre buscou lembrar o papel de mulher, mãe e viúva e o equilíbrio entre
a política e os afazeres domésticos. Palavras chave: Alzira Soriano, jornal O
Paiz, Rio Grande do Norte. Voto feminino.
AS REPRESENTAÇÕES DO COMUNISMO NO
GOVERNO DE EURICO GASPAR DUTRA: UMA ANÁLISE DO JORNAL O ESTADO NO PERÍODO DE
1946 A 1948
Daniela
Sobierai
UFFS
– campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), daniela_sobierai@hotmail.com
Esta
proposta de pesquisa, concentra-se nas representações do comunismo no governo
de Eurico Gaspar Dutra, durante o período de 1946 a 1948 através do jornal O
Estado. Período esse em que se destaca no Brasil um processo de
redemocratização, pós Estado Novo (1937-1945), e, no contexto mundial, o
pós-guerra e início da Guerra Fria. Esses períodos são importantes pois
influenciaram no processo de perseguição aos comunistas. Desse modo, diante
desse contexto histórico, a análise será em torno de como um jornal da capital
representou o comunismo em um período democrático. O jornal pertencia ao
Partido Social Democrático (PSD) e, por isso, foi um dos principais
divulgadores das ideias do partido, e por sua ligação partidária, o periódico
se torna um meio de divulgação do governo, já que Dutra também pertencia ao
partido e atuou como principal articulador de perseguição do Partido Comunista
Brasileiro (PCB) nesse período.
Palavras-chave:
Comunismo. Partido Comunista Brasileiro, Guerra Fria.
SESSÃO 02 - HISTÓRIA AMBIENTAL: COLONIZAÇÃO E MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
Sala 105B
UMA HISTÓRIA AMBIENTAL DA ATUAÇÃO DA COMPANHIA TERRITORIAL SUL BRASIL: A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM NA SEÇÃO SAUDADES (1925-1961)
Adriano Vanderlei Michelotti Rodrigues
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), adriano_sk2009@hotmail.com
A ação do homem no ambiente ao longo do tempo em maior ou menor grau ocasionam mudanças na paisagem, transformando para melhoria de sua adaptação e sobrevivência ao meio, afetando e ao mesmo tempo sendo afetado pelo ambiente natural (WORSTER,1991). A transformação da paisagem da região Oeste foi intensificada a partir da atuação de companhias colonizadoras, como é o caso da Companhia Territorial Sul Brasil, que possuía um imenso território (2.467.074 Km²), que hoje situam 18 municípios, entre eles: Maravilha, Palmitos, Pinhalzinho, São Carlos, Saudades, entre outros. A presente pesquisa busca compreender a dinâmica de transformação da paisagem na área destinada a Companhia Territorial Sul Brasil, a partir da atuação da Companhia Territorial Sul Brasil, ou seja, as interferências humanas na paisagem ao longo de sua atuação, sendo elas feitas ou incentivadas pela companhia, em um recorte espacial da área correspondente a Seção Saudades, e temporal do início da atuação até emancipação do atual Município de Saudades (1925-1961). As atividades da companhia que eram prioritariamente a divisão de terras de sua concessão em pequenos lotes, e estes eram destinados a agricultura familiar, vendendo a migrantes colonos, também lucravam com a comercialização da madeira, estas e outras atividades que relacionavam a manutenção dos colonos migrantes a estas novas colônias, levaram a mudanças significativas, no ambiente natural da região em poucas décadas, e “implantaram um proposito almejado pelo Estado, de levar a “Ordem”, a “civilização” e o “progresso” a essa região” (RADIM, 2009, p.13). Pretendemos com o estudo reconstruir um retrato de como era a paisagem ambiental e cultural da região, no início do período da colonização, e como ela foi transformada e suas consequências.
O EXPANSIONISMO DA SOJA (GLYCINE MAX) NA REGIÃO DE XANXERÊ-SC, NA DÉCADA DE 1970: UM ENSAIO SOBRE POSSIBILIDADES, PERSPECTIVAS E CONSEQUÊNCIAS DESTA NOVA CULTURA
Tiago João Benetti
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, tjbenetti@hotmail.com
A região Oeste de Santa Catarina, mais especificamente nas proximidades da cidade de Xanxerê, gradativamente, a partir do final da década de 1960 e início da década de 1970, enfrentou significativas alterações na constituição das culturas temporárias, principalmente com a introdução, em grande escala do cultivo da soja, cujo nome cientifico é Glycine max, modificando inclusive, as formatações das comunidades agrícolas e o tamanho das propriedades que ali existiam, consequentemente, alterando a paisagem natural permanentemente com o avanço dos campos cultiváveis por essa nova tendência de cultivo em latifúndios e médias propriedades. Este pequeno estudo é dedicado possibilitar a pesquisa acerca das motivações que induziram o plantio em grande escala da soja na região proposta, seguindo como veremos a seguir, tendências de outros lugares do continente americano, com a possibilidade de obtenção de um substancial lucro com esta cultura, além de definir ou identificar autores que tratam desse assunto ou assuntos complementares, possibilitando novas visões sobre temas recorrentes. Os métodos de plantio, o relacionamento com a terra por parte dos imigrantes de origem europeia, impondo um padrão de espécies cultiváveis para maior obtenção de produtividade em menores espaços físicos cultiváveis aliados ao que Claiton Márcio da Silva e Monica Hass, descrevem em um artigo que dividem a autoria que “O Oeste catarinense não pode parar aqui”, exemplificando, em linhas gerais a ideologia de “progresso” implantada pelos grandes produtores e industriais daquela região. Neste sentido, busco determinar quais foram as motivações e consequências do expansionismo agrário na região escolhida para estudo, onde, através da implementação de novas culturas agrícolas, com o pretexto de sanar a falta de alimentos e a fome do mundo trouxeram grandes bônus para as corporações e latifundiários, repassando o ônus deste “progresso” as camadas outsiders das comunidades das localidades onde foram implantadas.
Palavras – chave: Soja. Expansão. Autores. Referências. Perspectivas.
INTRODUÇÃO DO MILHO HÍBRIDO NA REGIÃO OESTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA: CHAPECÓ E A PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL
Luiz Fernando Perondi Hanauer
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), fernandohanauer@hotmail.com
A presente pesquisa pretende fazer um levantamento histórico sobre a produção do milho híbrido na região, com maior destaque na cidade de Chapecó. Também é necessário compreender os ideais da Revolução Verde, para assim, trabalhar a introdução das sementes híbridas, ideais que foram denominados por Gaud em 1968, tinham o intuito de desenvolver experiências genéticas que aumentassem a produção de sementes, também visando a adaptação do solo e, ainda mostram-se muito presentes no desenvolvimento agrário e tecnológico da agricultura brasileira. A região oeste do Estado de Santa Catarina destaca-se em âmbito nacional na produção de grãos e também no desenvolvimento do setor agroindustrial. Nesse sentido, é fundamental atentar para o fato de que, o próprio processo de colonização do Oeste Catarinense está vinculado com o surgimento da agroindústria na região, buscando “valorizar as terras regionais e dinamizar a economia agrícola em processo de expansão” (VICENZI, 2008, p.36), de forma mais específica, conforme SILVA (2002), a cidade de Chapecó, a partir dos anos 1970, ganha destaque na produção de sementes, entre elas, o milho híbrido, produto que é utilizado como base, na alimentação animal, uma vez que a região se destaca na criação de aves e suínos. Com o constante crescimento, o milho passou a ser um produto essencial no abastecimento desse setor, passando a ser uma commoditie subsidiária atrelada ao crescimento desse mercado. Para Silva, (2002, p.25), as transformações ocorridas no campo social e político do município, influenciaram diretamente os novos rumos do desenvolvimento na cidade, principalmente a partir de 1967 “o município de Chapecó começa a ser desenhado mais intensamente enquanto um polo regional”, assim, o final dos anos 60, inicio dos anos 70 foi um período privilegiado para a produção agroindustrial, devido aos incentivos decorrentes do desenvolvimento do Oeste Catarinense. Portando, a proposta dessa pesquisa é desenvolver um estudo sobre as condições de implantação da semente híbrida na região de Chapecó uma vez que, a inserção da semente híbrida no mercado produtor traz uma série de preocupações ambientais que não são discutidas entre os agricultores durante a introdução da semente híbrida e do aumento significativo da produção. A semente geneticamente modificada foi implantada com o lema do desenvolvimento, bastante atrelado a ideia da revolução verde, contudo, seus impactos não foram discutidos entre os produtores.
Palavras-chave: milho híbrido; agroindustrial; revolução verde.
O ESTADO NOVO E A FRONTEIRA SUL: NACIONALISMO, EXPLORAÇÃO E ETNICIDADE
Kelvin Francisco Bonsere
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, kelvinbonsere@gmail.com
O presente trabalho propõe discutir, elucidar e analisar o processo pelo qual a fronteira Sul do Brasil se estruturou, em um período de autoritarismo e nacionalismo exacerbado, pelo qual se configurou o Estado Novo no país. Deste modo, proponho discutir as bases que moldaram não só o discurso social e político voltado para a ocupação e alinhamento da fronteira Sul do Brasil, em especial o Oeste Catarinense e Paranaense, como também as ações voltadas para a exploração por um elemento étnico específico na região, objetivando o enquadramento da fronteira ao ideário de nação propalado pelo arquétipo estado novista. Desta forma, proponho a análise de três elementos que considero centrais para a elucidação do processo deflagrado no período do Estado Novo em relação a fronteira Sul. São eles o nacionalismo encetado por Vargas e a Revolução de 1930 que culminaria com a ditadura Varguista a partir de 1937 e a tentativa de enquadramento da nação em um sentimento de brasilidade e patriotismo, a exploração da região que vai ao encontro de uma lógica capitalista pelo qual o governo busca alinhar a região a produção nacional, buscando lograr das terras da fronteira a potencialidade máxima que ele pudesse oferecer e, por fim, a questão étnica vivida no processo de ocupação da fronteira e potencializada no período ditatorial, que gerou tensões sociais em um momento marcado pela busca de uma imposição cultural e de construção de semióforos nacionais que hegemonizassem o sentimento de patriotismo na população.
SESSÃO 03 - TRAJETÓRIAS E ESTUDOS DE CASO NO PÓS-ABOLIÇÃO E NA HISTÓRIA INDÍGENA
Sala 106B
A CONSTRUÇÃO DE TRAJETÓRIAS INDIVIDUAIS POR MEIO DE FONTES ECLESIÁSTICAS PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA INDÍGENA: ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE VITORINO CONDÁ FACXÓ
Cristiano Augusto Durat
UFFS – campus Laranjeiras do Sul, Dissertação (Doutorado), cristianodurat@uffs.edu.br
O uso de novas metodologias de análise e por um diálogo cada vez mais interdisciplinar entre a história, a antropologia e a arqueologia, tem contribuído para o aumento de pesquisas com enfoque para os povos indígenas em diferentes períodos históricos, especialmente, quando essas pesquisas se utilizam das orientações da etno-história. Personagens indígenas que antes ficavam à margem de uma discussão mais comprometida com o protagonismo desses sujeitos tem sido objeto de diversas pesquisas que buscam mostrar às estratégias de sobrevivência desses povos com o avanço cada vez mais presente das frentes de ocupação no Brasil oitocentista. Nesse sentido, a presente comunicação tem por compromisso apresentar alguns dados preliminares de um importante cacique da região sul, Vitorino Condá Facxó. Dialogando com às orientações metodológicas da micro-história com enfoque em uma das suas frentes de interpretação, às trajetórias individuais, analisamos um conjunto de documentos de origem eclesiástica que nos permitem compreender as relações tecidas entre os indígenas e os povoadores luso brasileiro em situação de aldeamento, a complexidade das relações sociais, a subversão a regra, ao comportamento, ao contraditório, aos acordos, as ações e das estratégias familiares com o auxílio da redução de escala de análise, contribuindo assim para a construção de outros contextos. Esperamos contribuir para as discussões sobre a história indígena e o protagonismo desses indivíduos no século XIX.
NAS TRILHAS DA LIBERDADE E DO PÓS-ABOLIÇÃO NA FRONTEIRA OESTE DO SUL DO BRASIL: O CASO DE MEREMCIANA PRESTES DOS SANTOS, PARDA LIBERTA E DA EX-ESCRAVA ISABEL
Thalia Faller
UFFS – campus Chapecó, Projeto de Pesquisa (IC), thaliafallerr@gmail.com
Na fronteira oeste do Sul do Brasil houve a utilização da mão de obra escrava para o desenvolvimento de diversas atividades, entre elas, a pecuária e a produção de alimentos para consumo local e regional. Estamos nos referindo aos campos de Guarapuava e os campos de Palmas, pertencentes à província e depois estado do Paraná. Este projeto de pesquisa vem responder a historiografia tradicional, que por mais de um século inviabilizou as populações cativas e de cor nestes espaços, ao estudar indivíduos cujas ações não eram de anomalia e extrapolam uma história simplista e determinista, porque suas vozes foram além da senzala. Metodologicamente estruturado a partir do viés da História Social e sua escrita a partir dos anos de 1980, com ênfase na literatura escravista e do pós-abolição, utilizará como fontes os documentos de ordem eclesiásticas, judiciais e cartoriais, realizando um cruzamento das mesmas para a obtenção dos resultados, que para esta pesquisa são as informações acerca das trajetórias de duas mulheres saídas do cativeiro – Meremciana e Isabel, e o universo sociocultural e político envolto das mesmas a partir das especificidades da escravidão e pós-abolição no espaço em questão. Adentrar nas trajetórias, aqui entendidas como vivencias conectadas à sociedade local e nacional, significa compreender melhor os (des)rumos de milhares de indivíduos que foram desterritorializados e reconstruíram relações e foram de suma importância na constituição da sociedade em que viveram.
O PRETO VELHO JERONYMO: UM ESTUDO DE CASO NO PÓS-ABOLIÇÃO - PALMAS/PR, 1903
Carlos Eduardo Cardoso
UFFS – campus Chapecó, Projeto de Pesquisa (IC), carllosedoardo@gmail.com
O trabalho a ser apresentado encontra-se em fase inicial do Trabalho de Conclusão de Curso, onde por meio da análise documental, tentaremos compreender como que se deu o processo de pós-abolição na cidade de Palmas no Paraná na primeira década do século XX. A pesquisa se dará em dois momentos. O primeiro será da análise do processo do sexagenário preto velho Jeronymo que nos proporcionará uma amostra de como a sociedade de Palmas ‘lidava’ com a população negra no período do pós-abolição. Para o desenvolvimento desta pesquisa primeiramente identificaremos quem são as pessoas que aparecem no processo crime e a sua relação com o preto velho Jeronymo, através do ato/crime realizado pelo russo Carlos Romback. Carlos Romback açoitou o preto velho durante a noite na cidade de Palmas/PR em 1903, quando o mesmo procurava por ajuda, e no dia seguinte o preto velho havia desaparecido da cidade. Também, buscamos as inter-relações do acusado do crime para tentar compreender o que o levou açoitar Jeronymo. A fonte utilizada nesta pesquisa será o processo Judicial onde o acusado é inquerido a respeito do desaparecimento do preto velho Jeronymo, que foi visto pela ultima vez nas dependências da casa de Carlos. O papel das testemunhas é muito importante para compreendermos um pouco mais do caso e o que levou ao acusado Carlos a açoitar Jeronymo. A partir da análise deste caso queremos compreender de qual forma se deu o pós-abolição nesta cidade. A segunda parte da pesquisa será analisar os autos da exumação de um corpo que alguns meses depois foi encontrado perto da cidade, onde testemunhas afirmam ser do “preto velho”. Objetivamos com a pesquisa compreender a forma que a população negra fora inserida, ou não, na primeira década do século XX, levando em consideração a forma com que o próprio Jeronymo aparece no processo, como um sujeito sem identificação, mesmo já estando vivendo na República.
Palavras-chave: Preto velho, processo, pós-abolição, Palmas.
SESSÃO 04 - MOVIMENTOS E LUTAS SOCIAIS I
Sala 107B
A GUERRILHA DO ARAGUAIA: A LUTA ARMADA NO CAMPO E SUAS CONSEQUÊNCIAS HISTÓRICAS
Jeferson Kappes
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), jeferkappes@gmail.com
O presente trabalho busca compreender a discussão sobre a guerrilha do Araguaia, que inclui a luta armada no campo e suas consequências no Brasil durante a ditadura militar (1964-1985). Analisar a luta guerrilheira e a resistência armada no Brasil, as discussões em torno do Araguaia, seu papel, estabelecimento e conflitos. Compreender as condições que levaram o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) a dirigir seus militantes a uma região inóspita e remota em busca da "libertação nacional" ou do "sonho do socialismo". Tópicos como "suicídio revolucionário", ocultação de "fatos e cadáveres", tortura de guerrilheiros e população local, foquismo, maoísmo. É necessário buscar entendimentos em torno de uma questão importante que foi "ofuscada" pelo protagonismo da resistência urbana, caracterizada pela "Ação Nacional de Libertação" (ALN), na figura de Carlos Marighela e entre outras organizações que tinham o mesmo objetivo, mas que por ideologias divergentes ou discordâncias, buscavam caminhos diferentes. Como já foi dito, o protagonismo da luta e da resistência tomou a direção e a abordagem urbana, alguns motivos podem ter levado a tal "deslumbramento" da luta no campo, uma delas foi a negação da existência guerrilheira pelas forças armadas, A censura da mídia, longe dos grandes centros, as operações de "limpeza" administradas pelo exército, junto com a implacável repressão estabelecida na região dos conflitos, reprimindo quem ousasse falar sobre o assunto.
Palavras-chave: Guerrilha. Ditadura. Resistência Armada. Brasil. Movimentos Políticos.
LUTAS CAMPONESAS EM TEMPO DE DEMOCRACIA E A REFORMA AGRARIA DO GOVERNO DE BRIZOLA
Amarildo Antonio Scussel
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), aantoniosc@hotmail.com
Nesta pesquisa, analisarei a reforma agraria feita durante o governo de Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul. Buscarei compreender a mesma, a partir da participação dos movimentos campesinos na luta pelo direito ao acesso à terra. Para melhor desenvolver minha pesquisa, vou buscar compreender o contexto em que se encontra a sociedade agrícola brasileira, principalmente os agricultores sem-terra, sua organização na busca de terra e melhores condições de trabalho, como também quem são os agentes que auxiliam os trabalhadores sem-terra nesta empreitada, no momento em que Brizola chega ao governo do estado gaúcho. Por isto apresento neste capitulo uma pequena contextualização, sobre o os agentes presentes, que vão atuar neste período, que vai abranger o final da década de 50 e o início da década de 60. O trabalhador rural sem-terra é fundamentalmente o ator principal neste palco, mas este, é disputado por vários agentes, que buscam através de sua organização captar para si a massa trabalhadora. Neste cenário, despontam como principais agentes que atuam em todo o Brasil, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), as Ligas Camponesas, a Igreja católica, e no Rio Grande do Sul o Movimento Dos Agricultores Sem Terra (MASTER). Nesta parte do trabalho vou apresentar, cada um dos agentes que vão se juntar aos agricultores sem-terra, na busca pela reforma agraria, neste período em que o país vive um momento de plena democracia, apresentando um pouco de sua História e forma de atuação de cada um junto aos movimentos reivindicatórios dos agricultores. Apresentarei como foi retratado pela história, cada um dos agentes envolvidos nas lutas campesinas neste período. Neste contexto apresentarei a reforma agraria executada no Rio Grande do Sul neste período, buscando compreender o porquê a mesma recebeu por parte da historiografia tão pouco destaque, se comparado tanto as Ligas Camponesas, quanto a participação do PCB ou a atuação da Igreja Católica, que mereceram por parte dos historiadores uma ampla análise e produção documental. Quanto a reforma agrária do Rio Grande do Sul, são poucas as obras que tratam do tema, o que não deixa de ser estranho, pois de todos os movimentos do período, este foi o único que realmente produziu resultados práticos, ou seja, realmente efetivou a reforma agrária, distribuindo terras para os campesinos que a reivindicavam. Assim, justiça-se esse trabalho que busca pelo entendimento de como ocorreu esta reforma agrária, e quais razões levaram a invisibilização e a desqualificação sobre a reforma agrária produzida no Rio Grande do Sul, nos momentos que antecederam o golpe civil-militar de 1964, mesmo diante dos seus resultados positivos.
Palavras chave: Movimentos sociais, Reforma agrária, Brizola, Agricultores sem-terra. Rio Grande Do Sul.
A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E A FORMAÇÃO DO PT NA DIOCESE DE CHAPECÓ
Lucas da Silva Godinho
UFFS- campus Chapecó, Dissertação, lucassgodinhopt@gmail.com
O seguinte trabalho tem por objetivo apresentar e estabelecer ligação com o projeto de pesquisa que venho desenvolvendo no mestrado de história, com a produção realizada até o momento.O tema de minha pesquisa envolve as relações surgidas entre a Teologia da Libertação e o surgimento do partido dos trabalhadores(PT), na diocese de Chapecó, entre o início da década de 1970 e final da década de 1980. É, sob vários aspectos verificada a influência da Igreja Católica, na formação do Partido dos Trabalhadores. Porém, alguns aspectos como os fatores que influenciaram o surgimento naquele contexto, a forma como o projeto político do referido partido foi difundido, as possíveis interações e ressignificações surgidas entre os diferentes grupos dentro do partido, e as consequências para a política na região são alguns dos critérios que este trabalho vai procurar pautar se, ao analisar e estudar estes temas. Para empreender a análise destes grupos e movimentos sociais, sob uma perspectiva teórica, a mesma será realizada através de um contexto de história social, com a influência de autores como Raymond Wilians e Edward Thompson, a fim de entender esses grupos e instituições como sistemas sociais complexos, passiveis de experiências, práticas e posicionamentos que invariavelmente levam a um acúmulo de tensões e conflitos que dão um novo significado as práticas e identidades dos próprios grupos. Segundo Thompson, o sentido de pertencimento a determinada classe, surge quando experiências comuns a determinado grupo de homens, sentem e articulam a identidade de seus interesses entre si, contra determinada força ou grupo opositor. A pesquisa terá como fonte principal, utilizando se da história oral, a entrevista de lideranças pertinentes ao contexto estudado, bem como os papeis relevantes desempenhados dentro do movimento ligado á Teologia da Libertação e no Partido dos Trabalhadores. Além disso, a utilização de pesquisa documental e bibliográfica, apoiando se em produções que tratam do tema, sob um contexto regional, bem como em arquivos da Diocese de Chapecó. O trabalho envolvendo a pesquisa e produção divide se em quatro partes: A primeira parte do estudo, será pautada na tentativa de compreender a metodologia utilizada na aproximação da Igreja Católica, com os setores populares, particularmente em regiões interioranas e campesinas. No segundo capitulo, a atuação e interferência da Teologia da Libertação na região. No terceiro capitulo, abordaremos a formação do Partido dos Trabalhadores no Brasil, bem como o processo de formação do referido partido na Diocese de Chapeco. No quarto capítulo, analisaremos o processo de formação de lideranças dentro da Igreja Católica; e a atuação das mesmas dentro do Partido dos Trabalhadores. Em seguida, será feito um estudo de casos, sobre a atuação dessas lideranças ao longo de sua trajetória política.
SESSÃO 05 - HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
207B
O USO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO PARA REPRESENTAÇÃO DA COLONIZAÇÃO DE CHAPECÓ/SC
Daniel Dalla Zen
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, daniel_dallazen@hotmail.com
O presente trabalho tem por objetivo apresentar e dialogar sobre o projeto de pesquisa que desenvolvo no mestrado em história, e o seu andamento até o momento. Tenho como tema de pesquisa a representação da colonização por meios dos patrimônios público de Chapecó/SC. O patrimônio é algo bastante amplo e possui diferentes denominações: patrimônio imaterial, patrimônio material, patrimônio cultural, patrimônio histórico entre outros. Portanto, como critério dos patrimônios públicos a serem estudados, focamos nos patrimônios em suportes artísticos: murais e monumentos, construídos pela prefeitura e inaugurado no aniversário da cidade como parte da festividade: Monumento O Desbravador (1981), Mural O ciclo da madeira, (2001), o Monumento 100 Anos de Chapecó (2017), por se tratar de uma data significativa e simbólica e haver uma maior documentação. A perspectiva teórica que embasa a pesquisa é o da História cultural em Roger Chartier. Segundo o autor, o principal objetivo dessa corrente historiográfica é identificar como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é pensada, dada a ler. Assim, as lutas pela representação têm tanta importância quanto as lutas econômicas, pois permitem compreender os mecanismos pelos quais um grupo impõe, ou busca impor a sua visão de mudo social e os seus valores. As contribuições de Chartier, estão ligadas as noções de representação; prática cultura e apropriação. A pesquisa trabalha como fonte principal, as imagens dos patrimônios e suas representações, a metodologia usada para interpretação das imagens apoia-se na semiótica de Charles Sanders Pierce, o campo de estudo da semiótica abrange a linguagem verbais e não verbais tendo como objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e sentido. Nessa perspectiva, um discurso, assim como uma pintura uma escultura ou um monumento, é produtor de sentido e significado, podendo ser interpretado pela semiótica. Dentre as fontes, além das imagens contamos com jornais, e documentos sobre os patrimônios pesquisados no Centro de Memória do Oeste Catarinense (CEOM), Secretaria da Cultura Chapecó/SC e acervo pessoal. O trabalho investigativo da pesquisa se divide em três partes. Em um primeiro capítulo problematizamos sobre as representações históricas do Oeste Catarinense do período da colonização, a forma como o lugar e os grupos que povoam região é apresentada e as suas contradições. No segundo capítulo tensionamos o caráter simbólico e político dos patrimônios e das representações na construção de mundos sociais. No terceiro capitulo, buscamos interpretar por meio da semiótica elementos que caracterizem questões de identidade e alteridade nos patrimônios.
O MONUMENTO DO CENTENÁRIO DE CHAPECÓ: USOS DO PASSADO, HISTÓRIA E MEMÓRIA (2017)
Gustavo Henrique Schmitz
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), g.henrique1995@gmail.com
Este resumo sintetiza a pesquisa realizada no âmbito da disciplina de Seminário de Trabalho de Conclusão de Curso I, referente à 8ª fase do curso de Licenciatura em História. A referida pesquisa consiste na investigação acerca do monumento do centenário de Chapecó, este, não acima de críticas e endossamentos, inaugurado em 25 de agosto de 2017, dia oficial de comemoração do aniversário municipal. O monumento consolida-se na homenagem a três nomes recorrentemente associados à história de Chapecó, a saber: Ernesto Bertaso, Plínio Arlindo de Nes, e Aury Bodanese. A edificação das estátuas teve sua sustentação na lembrança e leitura de um passado que, por fim, possibilitou a construção e legitimação da homenagem; o passado, recuperado no presente pela memória, foi usado na finalidade de atender a solicitações e pretensões do agora. Analisar os usos do passado e suas imbricações junto à memória, portanto, é refletir sobre as políticas memorialísticas e seus desdobramentos em tempo presente. O monumento do centenário chapecoense, ao passo que, por chancelas políticas, reivindica para si a oficialidade e legitimidade do passado, é alvo de leituras que, variadas, rivalizam consigo o pretérito a se lembrar e representar. Enquanto marco de uma sociedade que do presente olha a seu passado, o monumento influi sobre o espaço social ao operar as relações interpessoais e estimular a opinião pública e política em torno de sua validade, justiça e verdade. Diante disso, o projeto propõe-se à análise das diferentes compreensões de passado que, sejam em documentos, periódicos ou redes sociais, atuam à afirmação de identidades, à construção de personalidades e à fundamentação das discussões em torno da homenagem ao centenário de Chapecó. Diante das diferentes opiniões que apoiam, impugnam ou mesmo negligenciam o monumento do centenário de Chapecó, o passado parece em desacerto, em disputa. Nosso problema de pesquisa, nesse sentido, faz-se em investigar, a partir do monumento e de sua repercussão, as relações da sociedade contemporânea chapecoense com seu passado e memória. Relações que, por sua vez, perpassam a questões como: Por que lembrar? O que lembrar? Lembrar a partir de quê? Como lembrar? O que se pretende ao lembrar? Quais são as expectativas após o lembrar? Se se considerar que em toda lembrança há, em contrapartida, o esquecimento, tais questões vêm a ganhar uma nova dinâmica: O que esquecer? Como esquecer? Por que esquecer? É com base nestas perguntas, junto à análise das fontes históricas, que, portanto, pensaremos as relações chapecoenses com seu passado e memória.
Palavras-chave: Centenário de Chapecó. História do Tempo Presente. Disputas de Memória.
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E LABORATÓRIO DE HISTÓRIA ORAL: A CONSTITUIÇÃO DE UM ESPAÇO DE MEMÓRIA NA REGIÃO DO ALTO URUGUAI – RS
Mauricio Martins Trovó
UFFS – campus Erechim, Projeto de Pesquisa (IC), mauriciotrovo@gmail.com
O Centro de Documentação e Laboratório de História Oral da Universidade Federal da Fronteira Sul campus Erechim/RS tem como objetivo reunir documentos e fomentar a pesquisa na região do Alto Uruguai gaúcho. O estímulo à guarda e a preservação de documentos históricos bem como a realização de entrevistas por meio da técnica da história oral com membros da comunidade se torna de fundamental importância em regiões distantes dos grandes centros, trata-se de uma necessidade das comunidades locais e regionais, como a que cerca este campus da UFFS. Atualmente as atividades desenvolvidas pela equipe consistem na higienização, organização e catalogação de documentos colocados sob a guarda do Centro, empréstimo de entrevistas transcritas, desenvolvimento de projetos com a comunidade externa, bem como encontros de formação que dizem respeito às discussões e leituras acerca da memória e da história oral, assim como também de princípios da arquivologia e oficinas de restauração e pequenos reparos em suporte papel. Por meio do Centro de Documentação foram estabelecidas parcerias com entidades de outros municípios visando o apoio técnico do Centro de Documentação e Laboratório de História Oral na realização de projetos. Neste sentido está em andamento um convênio com a Prefeitura Municipal de Ponte Preta/RS para a formação de um Espaço de Memória com a finalidade de acondicionar as inúmeras doações recebidas da comunidade e também há o desenvolvimento de um projeto com a Secretaria Municipal de Educação de Aratiba/RS, sendo que este último visa trabalhar a História Oral com os alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental.
Palavras-chave: Documentos. Preservação. Entrevistas. História.
03/09/2018, segunda-feira, das 16h às 18h
SESSÃO 06 - IMPRENSA, POLÍTICA E REPRESENTAÇÕES II
Sala 104B
REPRESENTAÇÕES SOBRE OS INDÍGENAS NO OESTE CATARINENSE POR MEIO DA ANÁLISE DO JORNAL DIÁRIO DO IGUAÇU
Géssica Pinto Rodrigues
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), gessyfamilia@gmail.com
O preconceito contra as populações indígenas, prática histórica que remete ao processo de colonização iniciado no século XVI, é frequentemente percebido na região oeste de Santa Catarina, seja na inferiorização das práticas culturais e dos modos de vida dos grupos indígenas, seja na definição da dicotomia trabalhador e preguiçoso, em que estes tem sua imagem associada ao ócio e ao atraso, enquanto os descendentes de europeus são retratados como indivíduos ligados ao labor e ao progresso. Essas concepções, em sua maioria, foram formuladas no seio das disputas entre indígenas e não indígenas da região, sobretudo nas referentes à demarcação de terras tradicionais. Neste sentido, a pesquisa propõe a análise das publicações do Jornal Diário do Iguaçu que tratam dos indígenas no oeste catarinense, visando compreender quais são as representações que o periódico atribui a estes povos e quais as relações entre tais publicações e os conflitos sociais por eles vivenciados. Busca-se também ressaltar as contribuições dos periódicos enquanto fonte para a pesquisa histórica e para a produção de uma história contemporânea dos grupos indígenas de uma região específica.
Palavras-chave: Preconceito; Indígenas; Jornal Diário do Iguaçu; Representações.
AS VOZES QUE ECOAVAM NO RIO URUGUAI: A FORMAÇÃO DO SUJEITO BALSEIRO NA REGIÃO OESTE DE SANTA CATARINA (1920 - 1960)
Precila Kátia Moreira
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, precilakatia@hotmail.com
Esse trabalho tem o intuito de apresentar resultados parciais da dissertação de mestrado onde o balseiro é evidenciado como elemento fundamental constituído de historicidade, relações socioculturais e de interação com o ambiente. A intensão é, justamente, compreender a formação do sujeito balseiro e suas representações. O envolvimento de agentes históricos com a extração de madeira e o transporte por meio de balsas, propiciaram não somente o comércio nas proximidades do Rio Uruguai até os portos da fronteira do Brasil com a Argentina, mas o trabalho realizado pelos balseiros movimentou a dimensão socioeconômica da região Oeste de Santa Catarina e se tornou fundamental nos processos de colonização e de ocupação nos espaços onde as florestas foram retiradas. A luz de todo o processo que envolvia a balsa, o balseiro se torna o objeto de estudo dessa pesquisa. O objetivo geral é analisar os movimentos e processos que contribuíram para a formação do sujeito balseiro e suas representações na região oeste de Santa Catarina dentre os períodos de 1920 a 1960. Além desse, outros objetivos são perseguidos: contextualizar a economia e sociedade da região e período recortado; problematizar o sujeito histórico balseiro na sua raiz social, econômica e cultural; investigar o tratamento dispensado pela imprensa regional da época sobre o ofício do balseiro; e problematizar o uso de entrevistas como fontes para a pesquisa em História. Desse modo, se propõe analisar o sujeito balseiro, suas representações e relações sociais e culturais que se formam implicitamente no cotidiano desses personagens, e não somente compreendê-lo como peça-chave do processo econômico, ou ainda, fruto da atividade – inquietação essa, que se moldou a problemática da pesquisa. Como o objeto de estudo remete ao balseiro, utiliza-se de fontes que envolve a memória individual e coletiva. Para isso, faz-se uso de entrevistas, jornais, fotografias e documentários – não se abstendo de outras, como canções e poesias, por exemplo. A princípio, como fontes de maior contato, serão utilizadas um rol de entrevistas e nove coleções de jornais selecionados pelo período recortado. Além dessas fontes, arquivos oficiais, relatórios de madeireiras, legislações e outras são elencadas para análises. Com isso, esse trabalho, além de viabilizar estudos sobre o tema através do uso de fontes orais e da imprensa escrita, pondera sobre a importância da atividade madeireira para o período, e principalmente, e a relevância dos agentes históricos envolvidos nos processos de construção das balsas como parte do processo histórico.
A CONSTRUÇÃO E A DESCONSTRUÇÃO DE FERNANDO COLLOR DE MELLO A PARTIR DA REVISTA VEJA (1989-1992)
Jose Augusto Soroli
UFFS- campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), jose_soroli@hotmail.com
Este trabalho tem como objetivo principal analisar as publicações da Revista Veja no período entre 1989 e 1992, que é o período anterior a eleição que alçaria Fernando Collor de Mello a presidência do Brasil, até seu impeachment ao final de 1992, comparando o discurso do periódico que o enaltecia antes e durante as eleições, e posteriormente passou a atacá-lo, principalmente após a denúncia de seu irmão a Veja em 1992. Além da análise desta fonte, há também uma discussão teórica abrangendo espectros da História Política. Discute-se o uso de periódicos como fonte, quais cuidados devemos ter, como abordar, como manter-se imparcial perante os discursos trazidos, etc. Ao passo em que a imprensa passou a crescer como fonte de informação no Brasil, temos a partir de então um cenário onde se formam grandes corporações midiáticas, sendo um dos casos a Editora Abril, detentora da Revista Veja. Este periódico sempre colocou as questões políticas acima das outras em suas coberturas, sendo uma revista que se dedica a trazer fatos e opiniões acerca do que tange o cenário político. A construção da Revista como sujeito e o crescimento de sua credibilidade perante seus assinantes e população em geral, faz com que o periódico torne-se também um formador de opinião, e a partir destes discursos trazidos pela revista no acontecimento em questão que este trabalho se pauta; a partir da construção de um discurso, de como determinada manchete é colocada na capa em detrimento de outra, quais escolhas são feitas, qual a linha editorial, enfim, todos estes aspectos são analisados nesta pesquisa. Por fim, analisar esta conjuntura política que ascendeu Collor a presidência e o retirou em 1992, configuram também o poder pelo qual a imprensa no Brasil passou a ter, principalmente nos aspectos políticos, sendo a imprensa a principal porta voz do Congresso para com os eleitores, onde que por possuir boa credibilidade perante seus assinantes e população em geral, tais fatos são vistos como "meras verdades". Portanto, analisar os discursos trazidos pela Revista Veja antes e durante o governo Collor, e as diferenças trazidas nestes discursos, tornam-se de vital importância para compreendermos a conjuntura política da época abordada, e quais os desdobramentos que tais discursos trazidos pela imprensa escrita podem ou não configurar mudanças no cenário político nacional.
Palavras-chave: Política. Imprensa. Poder.
SESSÃO 07 - HISTÓRIA AMBIENTAL E MUDANÇA NA PAISAGEM
Sala 105B
MUDANÇA DE PAISAGEM NOS CAMPOS DE PALMAS PARANÁ - (1970 - 1980)
Janete Chaves Carlin
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, janetec16@gmail.com
As décadas de 1970 a 1980 são importantíssimas para o estudo de mudança de paisagem nos campos de Palmas Paraná. Pois, se referem ao apogeu e declínio da extração, beneficiamento e comercialização da madeira desta região. Ampliando significativamente o rol econômico do município, por meio das serrarias, sendo geradora de milhares de empregos, tanto no mato, quanto nas serrarias. A metodologia aplicada neste trabalho será através da História ambiental, e como fontes, estão sendo utilizados periódicos, mapas, legislação, ofícios de cartório e fotografias. Através da História oral serão observadas as memórias e percepções dos trabalhadores e proprietários das serrarias. Esta pesquisa além de viabilizar estudos sobre o tema de mudanças na paisagem, também tem como objetivo o olhar sobre a vida cotidiana dos trabalhadores e proprietários das serrarias. Assim as técnicas, instrumentos e procedimentos de pesquisa do uso de fontes orais, visuais e documentais, problematiza o contexto ambiental da região de abrangência, as ponderações sobre a importância da atividade madeireira e o reflexo causado no meio ambiente, e a relevância dos agentes históricos envolvidos no processo da exploração da madeira, como parte do contexto histórico.
TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM: CONSIDERAÇÕES SOBRE O OESTE CATARINENSE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
Michely Cristina Ribeiro
UFFS – campus Chapecó, Projeto de Pesquisa (IC), michelyribeiro@hotmail.com
Ao longo do século XX, a região oeste do estado de Santa Catarina passou por diferentes momentos de transformação da paisagem. Na primeira metade do referido século, o processo de colonização contribuiu para a aceleração do desmatamento das áreas de floresta, que se dividiam entre Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Decidual. Estudos recentes apontam a intensa degradação no estado catarinense da vegetação original dessas fitofisionomias, ambas pertencentes ao bioma da Mata Atlântica. Este trabalho tem como objetivo analisar as alterações antrópicas no meio ambiente da região a partir da década de 1960, considerando que as transformações iniciadas anteriormente com a derrubada das matas continuaram a ocorrer tomando diferentes formas, como a inserção de espécies exóticas para o reflorestamento e a expansão da agroindústria. Como fontes para investigar esse processo histórico da transformação ambiental no oeste catarinense foram utilizados periódicos regionais, legislação, censos e iconografia.
Palavras-chave: Desmatamento; Transformações ambientais; História Ambiental.
DA PAISAGEM À RESERVA: A PAISAGEM DE IRAÍ-RS ENTRE OS ANOS DE 1920 – 1980
Fabio Araújo
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), fabio.ecohi@gmail.com
O presente estudo tem como ocupação central a análise da paisagem no município de Iraí-RS, situado no recorte temporal correspondente ao período de 1920 a 1980, bem como as diferentes concepções originadas a partir desta paisagem que justificaram, inclusive, a criação de uma reserva florestal, sobre território tradicional indígena. Para a feitura deste estudo servirão de alicerce os relatos constantes na obra de Martin Fischer, publicada no ano de 1954, onde o autor faz descrições da paisagem iraiense, e o livro de registro do Balneário Osvaldo Cruz onde os visitantes inscreveram suas impressões, inclusive, acerca da paisagem iraiense. Como aporte teórico, são empregadas as proposições de Schama (1996), Symanski (2007), Tuan (2012), que contribuem para a leitura do elemento paisagem como fonte histórica. Complementarmente, duas leis municipais homologadas na década de 1970, especificamente em 1973 e 1979, servem como fonte histórica para análise da interpretação e do uso da paisagem iraiense pelo poder público municipal como estratégia para dificultar a demarcação da Terra Indígena Kaingang de Iraí. Como hipótese, admite-se que a criação da reserva florestal em Iraí refletiu na criminalização da permanência Kaingang em seu próprio território, a partir do uso da paisagem iraiense.
Palavras-chave: Paisagem; Iraí-RS; Kaingang.
SESSÃO 08 - COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Sala 106B
A MULHER NEGRA QUILOMBOLA: ANÁLISE DE SUA PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE ATRAVÉS DAS ATAS DA ASSOCIAÇÃO REMANESCENTE DE QUILOMBO INVERNADA DOS NEGROS (ARQIN), NO PERÍODO DE 2003 A 2014
Maria Luísa Pereira Anderson
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), marialuisapanderson@gmail.com
A presente pesquisa se propõe a analisar a participação das mulheres quilombolas nas atas escritas pela Associação Remanescente de Quilombo Invernada dos Negros (ARQIN), associação formada no ano de 2003 por representantes e moradores da comunidade quilombola Invernada dos Negros, localizada nos municípios de Campos Novos e Abdon Batista - Santa Cataria. O foco desta pesquisa é compreender o papel dessas mulheres na comunidade quilombola e identificar sua representatividade e participação nos projetos e atividade de ordem política, social, econômica e cultural protagonizados pelas mesmas.O trabalho utiliza-se das atas no período de 2003 à 2014, e estas são as fontes que propiciaram adentrar no universo de participação das mulheres negras, nas perspectiva de sua historicidade constituída no pós-abolição.
Palavras-chave: Mulheres quilombolas; ARQIN; Invernada dos Negros.
INVERNADA DOS NEGROS/CAMPOS NOVOS-SC: UM MOVIMENTO RURAL QUILOMBOLA, 2003-2015
Lidiane Taffarel
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), lidianetaffarel@yahoo.com.br
A presente pesquisa tem como objetivo compreender a partir da criação e funcionamento da Associação Remanescente de Quilombo Invernada dos Negros - ARQIN a(s) atuação (ões) do Movimento Negro Quilombola em Campos Novos, no período de 2003 a 2015. Pretende-se analisar a luta pelos direitos da população descendente de legatários da Invernada dos Negros; analisar a eficácia das Políticas Públicas desenvolvidas na comunidade; relacionar a influência do Movimento para que os descendentes de legatários da Invernada dos Negros se reconhecessem como Quilombolas; e perceber a influência da cultura regional na identidade da comunidade. Para desenvolver o trabalho serão utilizadas fontes jornalísticas e atas da associação. A Invernada dos Negros é a primeira comunidade certificada como remanescente de quilombos, título reconhecido em 2004.
Palavras–chaves: Movimento Quilombola – território- identidade
DA FAZENDA SÃO JOÃO À COMUNIDADE QUILOMBOLA INVERNADA DOS NEGROS: TERRITORIALIDADE E RESISTÊNCIA
Eliane Taffarel
UFFS - campus Chapecó, Dissertação, elianetaffarel@yahoo.com.br
Os processos de reconhecimento de comunidades quilombolas em Santa Catarina chamaram a atenção para um fato por muito tempo ignorado: houve escravidão em nosso Estado. Tais fatos foram, por muito tempo, pouco abordados pelos livros didáticos de História e pela educação catarinense. A existência de africanos escravizados e o contexto pós-abolição seguiram por muito tempo na invisibilidade. Diante disso, pesquisas tem demonstrado que na região dos Campos de Lages/SC, houve a presença de escravos, muito ligada à pecuária, às atividades agrícolas e domésticas. Os campos de Lages/SC fizeram parte do caminho das tropas que levavam o gado à Sorocaba, em São Paulo. A escravidão nessa região não se torna excepcional, pois faz parte da exploração colonial da mesma, desde o final do século XVIII. É nesse contexto geográfico que se encontra nossa pesquisa. Buscamos analisar, assim, a história dos Campos de Lages e, de forma mais específica, a da Fazenda São João. Os proprietários dessa Fazenda, Matheus José de Souza e Oliveira e sua esposa Pureza Emília da Silva deixaram em testamento realizado em 1877, a liberdade aos escravos que ainda não tinham, e um terço das terras da Fazenda aos ex-cativos. Nossa pesquisa visa, portanto, compreender o contexto da escravidão e da abolição e analisar os processos de territorialidade e resistência da atual comunidade Quilombola Invernada dos Negros situada nos municípios de Campos Novos (SC) e Abdon Batista (SC). Para alcançar tais objetivos, utilizaremos como fontes, registros eclesiásticos, como batismo, casamento e óbitos, que estão disponíveis no sítio https://familysearch.org; registros cartoriais, como o Inventário, o testamento e a carta de alforria; registros judiciais, como os processos de demarcação e divisão das terras; além das fontes materiais, como é o caso da taipa de pedras e do Cemitério ainda existentes na Comunidade Invernada dos Negros.
Palavras-chave: Escravidão; liberdade; pós-abolição; comunidade quilombola.
SESSÃO 09 - MOVIMENTOS E LUTAS SOCIAIS II
Sala 107B
AS JORNADAS DE JUNHO DE 2013: MOTIVAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS
Marcelo Antônio Ló
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, marcelo_1501@hotmail.com
O presente artigo tem como sujeito/objeto a investigação das jornadas de junho de 2013 no Brasil, visando compreender o contexto econômico e social que desencadearam tais ações coletivas. As mobilizações podem ser compreendidas em duas fases: primeiramente contestando o aumento das tarifas de transporte público e num segundo momento incorporaram-se diversas reivindicações ao decorrer das manifestações populares. O presente estudo adentrou sobre as condições econômicas do Brasil no âmbito do ano de 2013, com o propósito de compreender historicamente os anseios dos movimentos sociais que se fizeram presentes nos espaços públicos e suas principais pautas e questionamentos. Buscando situar o contexto histórico econômico que se fazia presente; compreender o papel dos movimentos sociais em tal contexto; aprofundar os conhecimentos sobre esse período histórico brasileiro. Do ponto de vista metodológico trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo. Foram adotados dois instrumentos de pesquisa: levantamento bibliográfico sobre o tema e análise documental, sendo eles, jornais, domínios eletrônicos, gráficos estatísticos. Do ponto de vista teórico os autores que foram utilizados para desenvolver o trabalho parte-se de GIAMBIAGI (2011), MARICATO (2013) e TEIXEIRA (2012) e PINTO (2012).
Palavras Chaves: Movimentos Sociais, Economia, Jornadas de 2013.
“OS ESTUDANTES DO INTERIOR TAMBÉM SÃO CAPAZES”: PERSPECTIVAS SOBRE A ORGANIZAÇÃO E LUTA ESTUDANTIL NO CES/FUNDESTE DE CHAPECÓ-SC (1977-1985)
Vinícius de Almeida Peres
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, peres.vinicius@hotmail.com
A militância dos estudantes, frequentemente relacionada a questões educacionais, extrapolou tal tema em diversos momentos na história de suas ações, abrangendo questões políticas, econômicas e/ou sociais. Porém, quando se fala em movimento estudantil, logo vem à mente a União Nacional dos Estudantes (UNE) e as ações realizadas pela mesma. Deste modo, a memória sobre o movimento estudantil acaba por evocar a memória de um movimento coeso e unilateral, marginalizando as dissidências ideológicas, políticas e regionais referentes às atuações e demandas educacionais e estudantis disputadas internamente, e embaçando a visão sobre ele como um movimento múltiplo. Assim, a presente proposta de discussão, fruto de reflexões e análises que compõe uma pesquisa de dissertação de mestrado ainda em andamento, tem por objetivo expandir a visibilidade sobre o universo de atuação do movimento estudantil e de sua representatividade, conferindo-lhe, além da merecida relevância histórica a nível nacional, a importância local/regional de suas lutas e especificidades enquanto um movimento de movimentos. Buscar-se-á isso por meio da compreensão da dinâmica da organização estudantil no Centro de Ensino Superior da Fundação Educacional do Desenvolvimento do Oeste (Fundeste) de Chapecó-SC no desenvolvimento de suas lutas e das consequências destas. O trabalho tem seu pilar central na história oral e é complementado por pesquisa documental, assim como por pesquisa bibliográfica que configura o referencial teórico sobre a temática dos movimentos sociais e do movimento estudantil embasada pelo viés da história social. A análise do material se dará através da análise de conteúdo de forma qualitativa, conforme a linha de Laurence Bardin. Por hora, identificou-se a existência de uma organização estudantil no CES/Fundeste de Chapecó, que em alguns momentos articulou informações e pautas com a UNE, envolvendo questões relacionas à qualidade de ensino. Porém, essa organização também desenvolveu lutas e pautas próprias mais representativas das demandas locais/regionais, como no tocante ao valor das mensalidades, disponibilidade de linhas de ónibus e subsídios diversos à manutenção da educação no município. As lutas dos estudantes do CES/Fundeste, sob a liderança do DCE, percebidas através da documentação presente no acervo da entidade estudantil, nos leva a crer eles podem ter contribuído em questões políticas municipais que culminaram em desenvolvimento socioeconômico, fomento de políticas públicas e educacionais, além da consolidação de uma cultura que almeja o ensino superior. Finalmente, relembramos que a pesquisa se encontra em andamento, assim, havendo elementos ainda a serem investigados para que proposições e hipóteses sejam verificadas. Contudo, podemos afirmar que o movimento estudantil é um importante agente histórico de lutas e renovações com atuação também nas fundações educacionais, potencialmente extrapolando seus muros em diálogos e alianças com as demandas da comunidade local e tendo, hora mais, hora menos, aproximação com pautas de alcance nacional.
Palavras-chave: Movimento Estudantil, Chapecó, Lutas Políticas, Fundeste, Centro de Ensino Superior.
A LUTA PELA MORADIA EM ERECHIM: ESTRATÉGIAS ADOTADAS E PAPEL DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Jorge Valdair Psidonik
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), jorgevaldair@uffs.edu.br
O projeto de pesquisa apresentado no Programa de Pós-Graduação em História, na Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Chapecó tem como tema a habitação popular, este já presente nas investigações acadêmicas. Não por acaso, pois trata-se de um dos direitos fundamentais do ser humano. Toda pessoa tem direito de ter uma casa para morar. Um lugar que seja o seu lar. A pesquisa será realizada a partir do problema: Que estratégias foram adotadas, a partir de 1960, pelo Estado e por entidades, no Município de Erechim, para viabilizar moradia às classes populares e qual foi o papel dos movimentos sociais nesse processo? Pretende-se somar as diversas reflexões que estão acontecendo em diversos meios, no ano em que o Município de Erechim completa cem anos de emancipação político-administrativa e 110 anos de criação da Colônia Erechim. Busca-se - Identificar as principais estratégias de construções de moradias para as classes populares, adotadas em Erechim, a partir de 1960; Compreender o papel dos movimentos organizados que atuaram em Erechim na luta pela moradia; Identificar quem foram e que papel desempenharam os principais atores sociais envolvidos na conquista da casa própria e Analisar as transformações que os programas habitacionais provocaram na vida dos beneficiados e na paisagem urbana a partir das manifestações de lideranças e moradores antigos dos loteamentos. A metodologia a ser usada reunirá técnicas quantitativas e qualitativas. Buscaremos quantificar os programas habitacionais implantados, os loteamentos, a área ocupada, número de habitações construídas, pessoas beneficiadas, déficit habitacional, dentre outros aspectos a serem contemplados. Na pesquisa qualitativa procuraremos estudar as particularidades e experiências individuais das lideranças e dos moradores mais antigos dos loteamentos investigados, durante a luta pela casa própria e depois de tê-la conquistado. A pesquisa será dividida em três etapas: inicialmente faremos o estudo bibliográfico contemplando obras que discutem o tema da moradia e estudos sobre os programas implantados pelo governo federal a partir da década de 1960. Em seguida realizaremos uma investigação nos arquivos da secretaria de Obras da Prefeitura Municipal de Erechim a fim de identificar os loteamentos construídos a partir de programas habitacionais do poder público. E por fim, trabalharemos com História Oral, onde realizaremos entrevistas semiestruturadas com lideranças (líderes comunitários e gestores municipais) e moradores mais antigos destes loteamentos. A metodologia a ser usada reunirá técnicas quantitativas e qualitativas. Buscaremos quantificar os programas habitacionais implantados, os loteamentos, a área ocupada, número de habitações construídas, pessoas beneficiadas, déficit habitacional, dentre outros aspectos a serem contemplados. Na pesquisa qualitativa procuraremos estudar as particularidades e experiências individuais das lideranças e dos moradores mais antigos dos loteamentos investigados, durante a luta pela casa própria e depois de tê-la conquistado.
Palavras-chave: Moradia popular. Luta. Movimentos sociais. Políticas públicas.
04/08/2018, terça-feira, das 14h às 15h50
SESSÃO 10 - IDENTIDADES, FRONTEIRAS E MIGRAÇÕES I
Sala 104B
A PARTILHA DO CONTESTADO: O IMPERIALISMO COLONIZADOR INTERNO NA OCUPAÇÃO DA REGIÃO CONTESTADA
Douglas Henrique Pereira
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), douglas_opia@hotmail.com
Este projeto é um estudo das relações econômicas de ocupação da área territorial, que abrange o conflito da Guerra do Contestado (1912-1916), e que objetiva demonstrar de que forma ocorreu a ocupação dos territórios pelas companhias colonizadoras e o impacto excludente que as mesmas tiveram, como consequência direta para os remanescentes das populações envolvidas no conflito.
O ÔNIBUS E O TRANSPORTE DE PASSAGEIROS NO OESTE CATARINENSE: ENTRE MOVIMENTOS DE COLONIZAÇÃO E MIGRAÇÃO
João Henrqiue Zöehler Lemos
UFFS - Campus Chapecó, Artigo de Disciplina, joao.zoehler@gmail.com
O espaço hoje rotulado por Oeste Catarinense compreende uma área que sofreu alterações substanciais no século XX, de modo especial, os movimentos populacionais que penetraram neste. As políticas de colonização favoreceram um deslocamento generoso de milhares de sujeitos, oriundos principalmente das áreas de colonização já existentes no estado vizinho, o Rio Grande do Sul. Este movimento, conformando relações já estabelecidas antes do ato de migrar, produz materialidades e fluxos existentes até o presente. Entre estas dinâmicas está o transporte rodoviário de passageiros. Partindo disso, este trabalho pretende analisar as relações entre os movimentos migratórios, pautados pelas práticas de colonização, e suas inter-relações espaço-temporais com a constituição de uma rede de transporte. Esta atividade apresentou, posteriormente ao período que é considerado o auge destes fluxos migratórios – estendendo-se desde a década de 1940 até 1970 – uma expansão, desta vez, para os novos fronts migratórios, vinculados principalmente a expansão de uma agricultura extensiva, tendo como destino as regiões brasileiras do Centro-Oeste, Norte e, de modo mais tímido e recente, o Nordeste. Neste bojo de relações, foram constituídas diversas empresas de transporte de passageiros, algumas existentes até hoje e outras diversas já extintas/incorporadas. Todas estas dinâmicas demográficas foram acompanhadas, também, por modificações e incrementos na operação do transporte por ônibus, constituindo linhas regulares que passaram a atender esta demanda em potencial. Desta maneira, este transporte possibilitou a manutenção das redes de sociabilidade entre as áreas “que ficaram” e as “que vieram”, entre os migrantes.
A INVENÇÃO DO “CELEIRO CATARINENSE”: A REGIÃO OESTE NOS TEMPOS DO “MILAGRE ECONÔMICO”
Marina Andrioli
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), marina_andrioli@yahoo.com.br
Na década de 1970, a região Oeste de Santa Catarina passou por profundas transformações políticas, econômicas, sociais e ambientais (Poli, 1998; Renk, 1994; Corazza e Radin, 2016). No início daquela década, esta região recebeu a alcunha de “Celeiro Catarinense”, uma retórica utilizada por lideranças políticas pró-ditadura e que se consolidou na região, sendo adotada por revistas – como o caso da Revista Celeiro Catarinense, que abordava “assuntos de interesse regional, destacando a produção agrícola, a indústria e o comércio, a pecuária e a agricultura, o cooperativismo e o sindicalismo” (Celeiro Catarinense, 1970, p. 2) – e sendo propagada por outros meios de comunicação. Este termo, contudo, buscava traduzir a intenção dos governos locais e nacional em difundir os preceitos da Revolução Verde e consolidar a região como a grande provedora de alimentos em âmbito estadual, nacional e internacional (Forneck, 2015). Considerando que os estudos sobre a região Oeste de Santa Catarina abordam o tema em seus aspectos simbólicos (Silva, 2002 e Siqueira, 2016), o objetivo desse projeto é analisar o surgimento e a consolidação da ideia de Celeiro Catarinense, mais especificamente, abordando as relações político-institucionais que culminaram na consolidação de incentivos para o desenvolvimento da agropecuária na região, buscaremos entender como se “inventou” o Oeste Catarinense enquanto Celeiro Catarinense. Esta estratégia foi elaborada em âmbito estadual e local durante o período conhecido como “milagre econômico” – uma tentativa de executar reformas estruturais durante a ditadura civil-militar. Por meio deste estudo, buscaremos encontrar subsídios que possibilitem a compreensão sobre a construção das estruturas de transformação social, política e ambiental da região, em uma ótica ampliada que considere não somente o caráter simbólico, mas que revele a complexidade à qual a região foi submetida.
Palavras-chave: Celeiro Catarinense, Ditadura Civil-Militar, Revolução Verde, Oeste Catarinense, Milagre Econômico.
SESSÃO 11 - IDENTIDADE, ETNICIDADE E MIGRAÇÕES I
Sala 105B
A SECRETARIA DOS NEGÓCIOS DO OESTE E A PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO
Sérgio Roberto Scheffer
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), sergio.scheffer@gmail.com
A Secretaria dos Negócios do Oeste e a perspectiva de desenvolvimento Este trabalho pretende discutir o desenvolvimento econômico na região Oeste do Santa Cataria através das ações governamentais desenvolvidas pela Secretaria dos Negócios do Oeste (SNO), no período de 1963 a 1975. O recorte espacial da pesquisa se encontra no terceiro quarto do século XX, período do pós-guerra, fortemente marcado pela presença do Estado na economia e pelo pensamento desenvolvimentista. Após a Era Vargas (1930-1945), período marcado pela forte presença do Estado no processo de industrialização do país através da substituição das importações, o Brasil experimentou uma fase democrática. Nesta nova era, o país continuou a trilhar seu caminho rumo ao desenvolvimento. Diante de disputas entre liberais e desenvolvimentistas que envolvia diversos segmentos da sociedade, a saída se deu através da adoção de políticas que tentavam conciliar os diversos interesses políticos, econômicos e sociais de todas as classes sociais. Uma forte característica deste período, foi a Intervenção do Estado, através do planejamento e dos Planos Econômicos, tais como: (Plano SALTE de Dutra, Plano de Metas de Juscelino e o II PND de Geisel). A pesquisa analisa o pensamento desenvolvimentista predominante na época, que sustentou a elaboração dos Planos econômicos. Em seguida, busca investigar a influência e a relação deste pensamento com os Planos econômicos implementados no Estado de estado de Santa Catarina nas décadas de 1960 e 1970. Para então, identificar as influências que estas políticas tiveram nas ações implementadas na região Oeste de Santa Catarina, através da (SNO). Esta secretaria foi criada em 1963, pelo Governador do Estado de Santa Catarina, Celso Ramos, através da Lei nº 3.283/1963. Foi um órgão descentralizado do serviço público, dotado de personalidade jurídica própria e autonomia administrativa e financeira. A (SNO) foi a executora do Plano de Metas do Governo – PLAMEG, na região Oeste. A pesquisa está estruturada em três capítulos. Na primeira parte faremos uma análise das disputas em torno do território que abrange a região Oeste e a sua integração definitiva ao Estado de Santa Catarina. Faremos ainda, uma abordagem sobre os ciclos econômicos que se desenvolveram no Oeste Catarinense durante a fase das disputas territoriais, passando pela ocupação e colonização da região, por companhias colonizadoras até o seu esgotamento nos anos de 1950. No segundo, faremos uma análise dos Plano de Metas do Governo – PLAMEG I, no governo de Celso Ramos (1961-1965) e PLAMEG II, no governo de Ivo Silveira (1966-1970) e a política estadual para a região Oeste de Santa Catarina. No terceiro, analisaremos as ações políticas implementadas pela (SNO) no Oeste Catarinense e a perspectiva de desenvolvimento nas gestões dos secretários Serafim Ennos Bertaso (1963-1969) e Plinio Arlindo De Nês (1969-1975).
Palavras-chave: Desenvolvimento, Planejamento, Políticas Públicas.
NORMATIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO UM ESTUDO DA AVENIDA GETÚLIO VARGAS, CHAPECÓ – 1937-1945
Janaína Mallmann Peres
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), janainamallmann@gmail.com
O trabalho tem por objetivo compreender o processo de modernização ocorrido em Chapecó, tendo como foco de análise a Avenida Getúlio Vargas, assim como a percepção de progresso que era entendido nos anos de estudo (1937-1945), período do Estado Novo sob o governo de Getúlio Vargas. Analisar-se-á em que medida o ideal de normatização do espaço urbano se intensificou, durante os anos em questão, respaldado num “sentimento” de nacionalidade, civismo, progresso e modernidade. Para a análise fora utilizado materiais iconográficos, representações cartográficas e o jornal “A Voz de Chapecó”, com o intuito de perceber as alterações no espaço e as políticas de normatização utilizadas, por meio de discussões conceituais que envolvem o urbano e a concepção de cidade, tanto para os anos em questão, quanto uma consideração acerca dos termos debatidos na pesquisa. É, também, foco desta pesquisa, fomentar a discussão em relação às atribuições do espaço e as características adotadas ao longo dos anos estudados.
Palavras-chave: Estado Novo. Cidade. Urbano. Normatização. Chapecó.
INVENTÁRIO DA CULTURA MATERIAL DOS IMIGRANTES ITALIANOS NA ANTIGA COLÔNIA PAIOL GRANDE – RS
Graziela Vitória Donin
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, gvictoria.donin7@gmail.com
O presente trabalho tem por objetivo efetuar o inventário da cultura material do imigrante italiano na região abrangida pela Antiga Colônia Paiol Grande, no estado do Rio Grande do Sul. O local passou a ser ocupado a partir de 1910 com a conclusão da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande, a partir de então os lotes de terra foram sendo demarcados e ocupados por colonos de diversas origens, principalmente italianos. Tal grupo tornou-se mais expressivo, sendo assim os principais nomes ligados ao desenvolvimento econômico possuem esta origem. O objeto de pesquisa são os lugares de memória e de associações e grupos culturais e folclórico ligados a imigração italiana. Estes por sua vez relacionam-se com a construção de uma identidade singular ligada ao progresso e ao labor, instrumento de coesão e diferenciação social. Os lugares de memória e os grupos culturais tem papel fundamental no que concerne ao reavivamento, rememoração e ritualização de determinada cultura. A cultura por sua vez, juntamente com todo o seu conjunto simbólico, torna-se instrumento de coesão e diferenciação social. Para a construção desta pesquisa efetuou-se um levantamento bibliográfico sobre o tema, no que se refere aos imigrantes italianos e sua emigração, bem como aos locais que estão ligados a sua memória.
SESSÃO 12 - GÊNERO, PROTAGONISMO E EMPODERAMENTO
Sala 106B
Sessão 1
MULHERES INDÍGENAS: PROTAGONISMO FEMININO NA LUTA PELA TERRA DO TOLDO CHIMBANGUE EM CHAPECÓ-SC
Andreza Bazzi
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, andreza_bazzi@hotmail.com
Esta proposta de trabalho é parte de pesquisa de mestrado em História em andamento que, sob uma perspectiva decolonial e interdisciplinar, envolvendo sobretudo a história e a antropologia, busca estudar as populações indígenas como protagonistas de uma história compartilhada. A pesquisa tem como referencial empírico e espaço-temporal a atuação das mulheres indígenas Kaingang no processo de retomada das terras do Toldo Chimbangue, no município de Chapecó-SC entre o final da década de 1970 e início da década de 1980. Investigar o protagonismo feminino sob o olhar das mulheres indígenas, significa considerar como determinantes, desde a sua cultura e tradições, ao leque de fatores externos que as colocam como sujeitos marginalizados historicamente. Nesse sentido, é importante compreender o papel do Estado na organização das sociedades indígenas, principalmente, na perspectiva desta pesquisa, como as populações indígenas, em especial as mulheres Kaingang da Terra Indígena Toldo Chimbangue, desenvolveram estratégias para manter sua autodeterminação, e como, através da positivação de sua etnicidade, organizaram-se no sentido de promover a retomada de suas terras tradicionais, ressignificando sua identidade através da luta pela terra. Metodologicamente, esse trabalho parte de revisão bibliográfica crítica da historiografia local e recorre a fontes orais (entrevistas) no intuito de materializar as percepções sobre as mulheres Kaingang, e principalmente, as percepções destas – caracterizando a perspectiva “emica” – referente a sua própria história.
Palavras-Chave: Mulheres Indígenas; Protagonismo Feminino; Kaingang; Luta pela Terra.
HISTÓRICO DA AGROECOLOGIA E DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS NA REGIÃO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL E SUA INFLUÊNCIA NA EMANCIPAÇÃO FEMININA
Daiana Paula Varotto
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), landovarotto@hotmail.com
Esta pesquisa tem como proposta investigar a influência das práticas em agroecologia para a emancipação das mulheres agricultoras familiares, como este processo dos conhecimentos foram sendo repassados no decorrer dos processos históricos e de que forma isto influiu na sociabilidade destes sujeitos. Também proponho verificar se as organizações da sociedade civil, como sindicatos, cooperativas e organizações não governamentais contribuíram na disseminação e implantação da agroecologia. A delimitação espacial deste projeto é a Região do Corede Norte do Rio Grande do Sul.
Palavras chaves: Agroecologia, História, Mulheres.
A EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DA FEIRA DA REFORMA AGRÁRIA: A ATUAÇÃO DAS MULHERES NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS NO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST)
Raquel Forchesatto
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, raquel_f@unochapeco.edu.br
Este resumo é resultado de pesquisa desenvolvida para o Programa de Pós-graduação em História da UFFS, como requisito para obtenção de título de Mestre em História. As reflexões propostas na dissertação visaram apresentar elementos sobre o debate acerca das relações de gênero no interior do MST. Para isso, como objetivo geral, buscou-se analisar a concepção das mulheres que participam do grupo da Feira da Reforma Agrária no município de Passos Maia (SC) sobre o papel das mulheres na produção agroecológica do MST. O método de pesquisa utilizado para o desenvolvimento deste estudo foi o da História Vista de Baixo, a partir de Edward Palmer Thompson, que busca descrever a história a partir da realidade das pessoas comuns. Os conceitos-chave utilizados foram “relações de gênero”, “trabalho” e “agroecologia”. Para configurar este trabalho, buscou-se realizar pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas, através da História Oral. Foram realizadas 16 entrevistas com as mulheres sem-terra e feirantes que residem no município de Passos Maia, e uma entrevista com representante do Setor Estadual de Mulheres e Saúde do MST. Para apresentar as reflexões propostas, a dissertação foi dividida em três capítulos, discorrendo sobre a realidade estudada. A partir das análises realizadas, tem-se como resultado a existência de diferentes concepções acerca do trabalho das mulheres na produção de alimentos agroecológicos. Aponta-se que a criação de espaços como a Feira da Reforma Agrária é fundamental para o avanço da construção de um novo modo de produzir e de se desenvolver as relações produtivas a partir de cadeias agroalimentares curtas; e as mulheres são fundamentais para o desenvolvimento deste processo. Nesse contexto, na organicidade do MST em relação ao vivenciado pelas mulheres feirantes, é possível perceber inúmeras divergências que só poderão ser superadas a partir do fortalecimento das ações de participação das mulheres nas instâncias organizativas do movimento e da sociedade em geral, como é o caso do acesso ao poder legislativo e executivo dos municípios, entre outras esferas. Para além, ainda se conclui que fortalecer as práticas agroecológicas que vêm sendo desenvolvidas pelas mulheres em seu cotidiano de trabalho nas propriedades e constituir um novo modo de produção no interior dos assentamentos do MST é fundamental para o seu fortalecimento, bem como o estabelecimento de novas práticas de produção e reprodução da vida em sociedade.
Palavras-chave: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Feira da Reforma Agrária. Agricultura Camponesa.
SESSÃO 13 - ENSINO DE HISTÓRIA, FONTES E REPRESENTAÇÕES
Sala 107B
A ESCRAVIDÃO AFRICANA EM LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA (1890-2010): APROPRIAÇÕES HISTORIOGRÁFICAS
Zenaide Inês Schmitz
UPF, Tese, zenaideines@yahoo.com.br
O objetivo é compreender as relações entre a historiografia acadêmica e a historiografia didática, ou seja, a escrita destinada aos estudantes e professores da educação básica, no que diz respeito à temática da escravidão africana no Brasil. Nesse sentido, cabe à problemática: Como as formas de produção e circulação das diferentes abordagens e linguagens propostas pela historiografia acadêmica sobre a escravidão africana no Brasil foram sendo apropriados pela historiografia didática no período entre 1890 a 2010?
O NEGRO NO LIVRO DIDÁTICO: A HISTÓRIA DA ÁFRICA E DA CULTURA AFROBRASILEIRA ATRAVÉS DA ICONOGRAFIA
Bernardo Andre Mantovani
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), 15blzck@gmail.com
A pesquisa propõe realizar um estudo sobre a utilização de imagens que abordam a História da África e da cultura afro-brasileira em livros didáticos. Para entender isto, apropriou-se de três fontes para analise neste trabalho monográfico, trata-se de três livros didáticos de autores e editoras distintas, voltados ao sétimo ano do ensino fundamental, produzidos nos anos de 2014 a 2015. Estas ferramentas didáticas, trazem imagens voltadas a conteúdos que discutem a História da África, o processo de formação do Brasil Colonial e da cultura afro-brasileira ao longo de seus capítulos. Sabendo-se disto explana-se as problemáticas desta pesquisa, a primeira delas é verificar em que contexto as imagens estão sendo expostas e com que perspectivas essas são utilizadas, considerando seu contexto de circulação, portanto será realizado também um estudo envolvendo a História no Brasil atrelando às imagens das africaniedades. A segunda problemática, refere-se ao contexto em que as fontes estão localizadas, posterior a inserção da lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da História da África e da Cultura afro-brasileira na disciplina de História, com isso, pretende-se analisar também se essas imagens estão colaborando com as proposições desta lei. A pertinência dessa pesquisa se articula sobre a necessidade de refletir a respeito desta ferramenta de ensino tão utilizada nas escolas públicas, que é transmissora de valores e produto de uma indústria cultural. Esse estudo justifica-se no sentido da linguagem das fontes em que se arqueia a pesquisa, por não ter sua devida atenção, a iconografia. A temática em que se dispõe essa análise revela outro fator importante - a transposição didática do conhecimento acadêmico -, especialmente tratando-se dos autores dessas obras didáticas serem concomitantemente pesquisadores de assuntos que circundam esta, mostrando-se também como objetivo. Intenta-se ainda a discorrer acerca do ensino da História da África da cultura afro-brasileira posterior a lei citada, através de uma metodologia que verificará a visualidade das imagens analisadas – que serão realizadas a partir da iconografia, considerando seu sentido morfológico, de produção e seleção, assim como de circulação –, realizando reflexões que concomitantemente consideram os pressupostos desta lei e de uma ótica da historiografia decolonial, para isso cruza-se as informações obtidas em cada fonte através de eixos temáticos. Portanto, trata-se de uma pesquisa que aglutina informações e reflexões que vem a favor da tolerância a diversidade étnica e cultural, reconhecimento do negro como sujeito, combate ao racismo, além de trazer apontamentos que perpassam a iconografia e o ensino da História da África e da cultura afro-brasileira.
Palavras-chave: Ensino de História da África; Cultura afro-brasileira; lei 10.639/2003; Iconografia em livros didáticos; decolonialismo.
PROBLEMATIZANDO A DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Jucelia Lopes
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), juclialopes@yahoo.com.br
Problematizar com professores formas e adequações de trabalhar o conteúdo de história com alunos com deficiência auditiva. Quais ferramentas e posicionamentos mais adequado para atender o nosso aluno, sanar as necessidades e provocar o interesse do educando preferencialmente nas aulas de história.
SESSÃO 14 - HISTÓRIA E LITERATURA
207B
SAGA DOS ISLANDESES: SUA IMPORTÂNCIA NAS RELAÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS DA ISLÂNDIA DO SÉC. XIII E XIV
Guilherme de Lima
UFFS – campus Chapecó, Projeto de Pesquisa (IC), guilhermedelima66@gmail.com
O presente trabalho propõe uma análise inicial das Sagas dos Islandeses e suas relações políticas e sociais da Islândia do séc. XIII e XIV. As Sagas são um corpo de documentos escritos variados, não podendo ser classificados nem como um romance, nem como uma novela. Sempre escritas em prosa, sendo o tom da narrativa seco e direto, e com muitos elementos próprios de escrita, as sagas podem assemelhar-se um pouco com as epopeias gregas. As Sagas foram escritas a partir do século XII, em nórdico antigo, uma língua falada e escrita basicamente no Norte Europeu, mais especificamente da Islândia. As Sagas descrevem basicamente fatos ou personagens que ocorreram ou viveram entre os séculos IX e XI. Ao analisar as sagas logo nos deparamos com um período de quase dois séculos entre os fatos e a transcrição desses fatos, sendo as sagas mantidas vivas na forma de história oral, configurando a tradição oral em um objeto de análise importante para a compreensão das sagas. Outro ponto de atenção é a escrita das sagas, após o séc. XIII, sendo as sagas escritas por autores anônimos ou que sua identidade não seja mais possível identificar, e tendo escritas e copiadas em mosteiros da Islândia e depois do Norte Europeu. O objetivo desse trabalho é levantar problemáticas de pesquisa para as Sagas Islandesas e entender a relação das sagas no campo político e social da sociedade islandesa.
A DOENÇA DO TEMPO: HISTÓRIA E TEMPORALIDADE NA LITERATURA EUROPEIA NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
Cássio Guilherme Barbieri
UFFS – campus Erechim, Dissertação, cassiobarbieri@hotmail.com
Na Segunda Consideração Intempestiva: Da utilidade e da desvantagem da história para a vida Friedrich Nietzsche compreende o excesso de história, que caracterizaria o século XIX, sob o viés de uma metáfora patológica. Segundo o filósofo alemão, sua época padeceria “de uma ardente febre histórica”, que debilitava a vida e sua potência criadora. Para além da ciência histórica, a crítica nietzschiana lançava a mirada para as formas, individuais e coletivas, de ordenamento do tempo e mesmo, para as relações com ele estabelecidas. A intempestividade da consideração nietzschiana, parece antever, em algumas décadas, a crise de temporalidade que sobrevém à catástrofe da Primeira Guerra Mundial, especialmente entre parte da intelectualidade europeia, e que intensifica-se nas décadas seguintes pelo advento de novos eventos traumáticos. François Hartog, em Regimes de Historicidade, elenca, de Paul Valery à René Char, passando por Benjamim e Stefan Zweig, um conjunto de indícios dessa crise, que consistem em “fendas profundas” “questionamentos da ordem do tempo”, ou, em seus termos, do “regime de historicidade”, vigente desde o século XIX, marcado pela concepção de progresso e pela predominância da dimensão temporal do futuro. Desse modo, a presente proposta visa analisar brevemente a possibilidade de identificar indícios, explícitos ou implícitos, dessa crise nas relações do indivíduo e da sociedade com o tempo, a história, a temporalidade e a historicidade, e mesmo, das proposições em torno da configuração dessas relações, a partir das metáforas da enfermidade presentes na literatura e no ensaísmo europeu da primeira metade do século XX. As metáforas, às quais esse projeto propõe tomar como fontes, encontram-se em um conjunto, possivelmente incompleto, de ensaios, romances e peças, publicados na França e na Alemanha entre as décadas de 1920 e 1960, são eles: Der Zauberberg, publicado em 1924 e Doutor Fausto (1947), de Thomas Mann; Der steppenwolf, de Hermann Hesse, publicado em 1927; Le théâtre et la peste, de Antonin Artaud, publicado na obra Le Théâtre et son double em 1938; La Peste, publicado em 1947 e L’État de Siege (1948), de Albert Camus; Précis de déconposition publicado em 1949, Histoire et utopie de 1960 e La chute dans le temps de 1964, ambos de Emil Cioran. Além de buscar esses indícios de uma crise de historicidade, com base nas metáforas patológicas, e evidenciar possíveis reformulações das formas mais correntes de ordenamento do tempo, esta proposta, intenta aproximar, e mesmo, estender as reflexões propostas por Georges Didi-Huberman em Diante do tempo: História da arte e anacronismo das imagens, para pensar não somente a anacronia da imagem, mas a anacronia da metáfora. Esse mesmo intuito busca discutir essas possibilidades do tempo anacrônico, tal como propõe Jacques Rancière em sua crítica a Febvre (2011).
Palavras-chave: Historicidade; Literatura; Metáforas patológicas; Tempo; Anacronismo;
NARRATIVAS DO INENARRÁVEL TRAUMA E TESTEMUNHO NAS PAGINAS DA HQ MAUS
Kathiane Thais Facenda
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), kathifacenda@gmail.com
A presente pesquisa, construída como Trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura em História na Universidade Federal da Fronteira Sul, analisa e investiga as memórias traumáticas contidas nas HQs Maus- A história de um sobrevivente e em Metamaus - A look inside a modern classic, Maus, como fonte para compreender como as lembranças derivadas de processos traumáticos podem e devem ser analisadas pela historiografia. Para melhor compreensão dos processos de rememoração e de suas analises nos utilizaremos da seguinte estrutura metodológica: o levantamento dos trechos de ambas as HQs que correspondem a rememoração dos acontecimentos traumáticos vivenciados pelo protagonista, seguida pela comparação dessa rememoração aos conceitos chaves que serão trabalhados ao longo da pesquisa, são eles: memória impedida, memória manipulada e esquecimento de reserva conceitos de memória do filosofo francês Paul Ricoeur e os conceitos de literatura de testemunho e de memória traumática. O trabalho aportou-se da História Social e dos estudos sobre memória que ganham destaque a partir da década de 1980 para compreensão e analise das fontes bem como para sua fundamentação teórica e escrita.
04/08/2018, terça-feira, das 16h às 18h
SESSÃO 15 - IDENTIDADES, FRONTEIRAS E MIGRAÇÕES II
Sala 104B
AS COMPANHIAS/ESCOLAS DE APRENDIZES MARINHEIROS NAS PÁGINAS DOS PERIÓDICOS MILITARES: 1861-1908
Tatiany Moretto
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, taty.mimi@hotmail.com
A Marinha do Brasil é uma das instituições mais antigas do Brasil. Parte dela veio para os trópicos com a Família Real, em 1808. Todavia, esta Marinha não pode ser considerada nacional até a Independência em 1822, mas sim luso-brasileira por ser inteiramente composta por estrangeiros. Carregada de heranças portuguesas, a certidão de nascimento da Marinha nacional é datada da separação entre o Reino e a Metrópole, quando teve início a sua estruturação e recrutamento entre os brasileiros natos. Dentre as ações tomadas para a organização da instituição, as Companhias/Escolas de Aprendizes Marinheiros foram criadas com o fim de adestrar menores para o serviço nos navios da Armada. De sua nacionalização até os anos iniciais da República, a Marinha percorreu um caminho sinuoso para a sua organização e consolidação enquanto instituição brasileira. As dificuldades que enfrentou para a sua estruturação resultaram, em grande medida, do singular contexto econômico e político do Brasil em comparação às demais colônias da América. Atuante em diversos conflitos do Império, com a Guerra da Tríplice Aliança despertou a necessidade de renovação imediata das Forças Armadas do país, principalmente a Marinha e suas instituições de formação de marinheiros. O objetivo desta pesquisa consiste em identificar as reformas realizadas pela Marinha do Brasil nas Companhias/Escolas de Aprendizes Marinheiros entre 1861 e 1908 nas páginas de quatro periódicos que circularam no país. Este recorte temporal abrange o momento mais profícuo da imprensa militar brasileira e a sua investigação é essencial para compreender a trajetória das instituições ligadas a Marinha brasileira. Estes periódicos foram classificados enquanto militares e analisados como parte da imprensa periódica militar na perspectiva da nova história militar brasileira. Os periódicos selecionados para esta análise foram os Anais Marítimos (1861), o jornal O Soldado e o Marinheiro (1869), a Revista Marítima Brasileira (1881) e o jornal O Marujo (1907).
Palavras-chave: Marinha do Brasil, Escola de Aprendizes Marinheiros, Nova História Militar, Imprensa Periódica Militar.
JOSÉ BERNARDINDO BORMANN E O JORNAL O XAPECÓ
Leticia Maria Venson
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), leticiavenson@hotmail.com
Durante o mestrado será dado continuidade na temática desenvolvida durante o Trabalha de Conclusão de Curso na graduação que é a Colônia Militar do Chapecó. O objetivo da pesquisa é analisar a figura de José Bernardino Bormann na Colônia Militar do Chapecó através da análise de edições do jornal O Xapecó editado pelo mesmo no ano de 1892 e o livro Centenário do Marechal Bormann publicano pela Biblioteca Militar no ano de 1944. O centenário é a compilação de várias matérias de jornais que exaltam Bormann como uma importante figura militar brasileira. Em 1880 José Bernardino Bormann foi encarregado de fundar a Colônia Militar do Chapecó, na até então província do Paraná, permanecendo como seu diretor e responsável até o ano de 1898. De acordo com o Governo Imperial com a instalação da Colônia se garantiria a integridade do território, em especial em função das disputas com a Argentina na chamada Questão de Palmas. O jornal O Xapecó era quinzenal e trazia notícias sobre a Colônia e das províncias brasileiras por meio do jornal República e Diário do Comércio, bem como notícias de outros países. Era editado em quatro páginas, dividido em duas colunas. O jornal não era distribuído somente na Colônia Militar onde era redigido, mas também era vendido em forma de assinatura, como forma de informar a região sobre os acontecimentos internos da colônia.
O QUE É MODERNIDADE?
Jeferson Kappes
UFFS – campus Chapecó, Artigo de Disciplina (Mestrado), jeferkappes@gmail.com
Falar sobre modernidade é algo que designa duas perspectivas, uma primeira que remete o seu significado de moderno ao avanço tecnológico, principalmente após a revolução industrial e os tempos de pré-guerra e pós-guerra, com novas técnicas de produção galgadas pelo capitalismo e a “preservação da vida” pelos avanços da medicina, aumentando o tempo médio de vida das pessoas. O segundo enfoque de modernidade é que jamais fomos modernos (Latour, Bruno, 1994) apenas nos consideramos superiores (falando aqui, especificamente dos ocidentais e europeus) em relação às outras culturas, alçaram nossos valores como fonte a ser seguida, classificando o mundo em bom ou ruim, bem ou mal, em avançado e atrasado, mas sempre a partir de nossos princípios, de nossa cultura, desta maneira, os africanos e indígenas são um povo que “não evoluiu”, entre outras minorias que são menosprezadas. Mas se tratando do texto de Zygmunt Bauman (1999) e suas observações sobre a modernidade, visualizamos a consolidação da razão (Kant, Emmanuel, 2001) como sendo um modelo de civilidade, certo e digno de respeito, a ciência legisladora, ou seja, se for cientificamente aprovado nos remonta a pensar que está certo, que é o caminho, que não demanda mais de aprovação, pois a ciência consolida ou não determinadas práticas, os processos de eugenia eram aprovados e compartilhados no meio científico, os deficientes apenas traziam despesas ao Estado, os números e estatísticas provavam que os mesmo eram improdutivos, portanto, não era lhes atribuído mérito para permanecer na sociedade, isso precisava ser contido, bloqueado, antes mesmo de nascer, para não onerar a civilização que precisaria despender recursos e atenção aos “ociosos”.
SESSÃO 16 - IDENTIDADE, ETNICIDADE E MIGRAÇÕES II
Sala 105B
CULTURA TEUTO-BRASILEIRA NA REGIÃO DE SEARA/SC: 1924 a 2010
Sandra Kuester
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), sandrakuester92@gmail.com
O tema proposto é a cultura teuto-brasileira na região de Seara/SC. A problemática de pesquisa remete-se a analisar os processos de construção de uma cultura popular teuto-brasileira na região nos anos que remontam o processo de colonização do município até a primeira década do século XXI. Nova Milano era a primeira denominação da região, devido à descendência italiana da maioria de seus imigrantes gaúchos. Fazia menção à Milão, cidade da Itália, cuja geografia assemelha-se a região colonizada. Contudo, em 1944, devido aos acontecimentos globais, onde o Brasil estava participando da Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados (Inglaterra, França, Rússia e Estados Unidos) contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), Nova Milano foi renomeada Seara, deixando de fazer referência à Itália inimiga. Diante deste quadro histórico e das produções historiográficas que tratam somente da migração e cultura ítalo-brasileira em Seara, indaga-se o espaço da história teuto-brasileira local para além do cientista alemão Fritz Plaumann. Esta pesquisa propõe mostrar àquele que ainda não foi apresentado à historiografia, àquele que não se tornou denominação de ruas e avenidas, o sujeito que tem em sua língua materna o Hunsrückisch, “a língua alemã caipira”, que ainda é usado por numerosos descendentes de colonos de origem germânica do interior catarinense. Abre-se uma margem para analisar os discursos e interesses políticos e econômicos que se encontram nas delimitações espaciais e culturais através da pesquisa em campo, visto que em Seara e região, a cultura teuto-brasileira é entendida como minoritária e estigmatizada. Atualmente, algumas comunidades, apesar de sua evasão, ainda encontram-se isoladas. Mas qual é o propósito desse isolamento a partir do viés do próprio teuto-brasileiro? O que ele tem a falar? Qual é o motivo de sua evasão? Quais foram os processos de construção da imagem do teuto-brasileiro (que se distingue do imigrante alemão) de Seara e região? Porque alguns descendentes de alemães se autodenominam “alemães” enquanto outros esquivam-se disso? Porque existem teuto-brasileiros que sentem a necessidade de praticar o Hunsrückisch, enquanto outros se distanciam deste dialeto? Porque suas festas típicas estão se esvaindo? Também torna-se crível abordar os possíveis estigmas que os teuto-brasileiros locais sofrem ou sofreram devido à língua, ao analfabetismo, à religião, aos costumes distintos dos demais. Podendo ser um dos possíveis agentes delimitadores de fronteiras geográficas com a formação de pequenas colônias ou vilas compostas por seus pares. Estes são apenas alguns questionamentos que inspiram e fundamentam a relevância desta pesquisa.
Palavras-Chave: Cultura, Teuto-brasileiro, Seara.
AS RELAÇÕES SOCIAIS NO TERRITÓRIO DA ANTIGA FAZENDA SAUDADES, OESTE CATARINENSE
Daiane Frigo
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, daiafrigoo@gmail.com
Este trabalho tem como objetivo apresentar dados parciais da pesquisa desenvolvida na dissertação de mestrado, do Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal da Fronteira Sul, na linha de pesquisa História do povoamento, da agricultura e do meio ambiente. O tema desta pesquisa aborda alguns aspectos das relações entre diferentes grupos étnicos, nos municípios da antiga Fazenda Saudades, no oeste de Santa Catarina, em meados do século XX, explorando os limites territoriais e o processo colonizatório, a partir do estudo de mapas, documentos, fontes bibliográficas, em paralelo com entrevistas realizadas com antigos moradores da região. As entrevistas abrangem moradores dos municípios de São Lourenço do Oeste, Formosa do Sul, Quilombo e Santiago do Sul, envolvendo pessoas de origem brasileira, italiana e alemã. A partir das entrevistas são analisadas as percepções de sujeitos de diferentes grupos étnicos, a respeito das relações estabelecidas durante o processo de colonização e suas implicações na organização social. Dessa forma, este trabalho apresentará alguns dados a partir das entrevistas e demais dados pesquisados até o momento.
Palavras-chave: Relações sociais; Fazenda Saudades; Grupos étnicos
SOU DIÁSPORA: IDENTIDADE E MOBILIDADE NAS MEMÓRIAS DE HAITIANOS NO BRASIL
Taíse Staudt
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), taisesta@gmail.com
Objetivo nesta pesquisa a reflexão a respeito das memórias dos haitianos que atualmente residem no Brasil, a partir de entrevistas de história de vida, dentro da metodologia de história oral. As entrevistas foram realizadas com três imigrantes haitianos que residem no oeste de Santa Catarina, com diferenciações em gênero e idade, sendo posteriormente transcritas e adequadas em texto. Realizei reflexões sobre temas citados ou não nas narrativas e sobre a fórmula do sucesso que envolve a saída do Haiti. A partir dos temas que se destacam nas narrativas, analisei alguns fatores determinantes para a formação social e cultural haitiana, da construção da característica de mobilidade e das experiências dos indivíduos, na trajetória e no Brasil. Os resultados demonstram a carga da violência colonial nas experiências destes indivíduos e da estruturação de uma sociedade diáspora. As memórias revelam a ligação indissociável da identidade com a mobilidade nas falas dos haitianos no Brasil. A pesquisa coloca em evidência, com base nas histórias de vida, a experiência de mobilidade contemporânea pela visão dos sujeitos que passaram e passam por tal processo.
SESSÃO 17 - GÊNERO E ESPAÇO URBANO
Sala 106B
RELAÇÕES DE GÊNERO NA FORMAÇÃO POPULACIONAL DO MUNICÍPIO DE CONCÓRDIA/SC: UMA ANÁLISE DA INVISIBILIZAÇÃO FEMININA NO PERÍODO DE 1940-1960
Jordan Brasil dos Santos
UFFS- campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), diordaosanto@hotmail.com
A história tradicional exclui a mulher do seu protagonismo e com essa atitude acaba invisibilizando o papel feminino e sua importância para a construção social e desenvolvimento local. A pluriatividade desempenhada pelas mulheres faz com que exista uma tentativa de associar a importância do seu trabalho apenas com as atividades reprodutivas ignorando as atividades produtivas que a mulher desempenha. A imigração ítalo/germânica, que ocorreu para a construção da cidade de Concórdia/SC, favoreceu para que se mantivesse essa invisibilidade feminina trazendo a tona a questão do patriarcado e também as relações de gênero desiguais. Quando a história das mulheres é revelada, desvela-se uma série de conflitos como a questão do poder, a marginalização e o esquecimento, e encontra-se um protagonismo capaz de modificar realidades diversas e agentes que foram importantes para a construção da sociedade como conhecemos. Quebrar esses paradigmas históricos é essencial para mostrar a história que foi esquecida/invisibilizada e criar novas relações de igualdade entre gêneros. E com isso revelar a real importância de homens e mulheres para o desenvolvimento social e econômico.
O objetivo principal desse trabalho é pesquisar e identificar as formas de Invisibilização feminina existentes entre famílias de imigrantes na região de Concórdia, e de uma forma mais específica objetiva-se mapear os diferentes aspectos envolvidos no processo de Invisibilização feminina na região; realizar um levantamento histórico do papel da mulher na organização familiar, tanto dos imigrantes e fornecer subsídios para os debates historiográficos sobre gênero e economia.
A base para essa pesquisa será a metodologia da história oral. Montar-se-á um esquema para a execução da metodologia oral. A fonte oral é a base primária para a aquisição de conhecimento científico ou não. A história oral fornece aos indivíduos, que naturalmente foram excluídos da história oficial, uma chance de deixar registrada a sua visão sobre o mundo e sobre a participação de seu grupo na construção da sociedade.
Será empreendida, também, uma investigação documental, que enfocará os dois pólos da questão-objeto deste trabalho, ou seja: a) as diferentes configurações das práticas machistas, por meio de diversos atores – alemães e italianos; b) e o papel da mulher na construção da sociedade concordiense. Os dados obtidos serão analisados segundo o referencial metodológico numa perspectiva Construcionista Social, essa perspectiva surge no campo da pesquisa qualitativa, e ela repreende a forma tradicional de fazer ciência. e a representação objetiva do mundo.
Palavras-chave: Gênero; Empoderamento; Movimentos Sociais
A PERMANÊNCIA DO CURANDEIRISMO NAS PERIFERIAS DE CHAPECÓ ENTRE OS ANOS 1980 E 1990
Alex Junior Rapczynski
UFFS – campus Chapecó, Pós-Graduação (Projeto de Pesquisa), alex.junior17@hotmail.com
Este projeto tem como objetivo compreender e analisar a permanência do curandeirismo nas periferias de Chapecó entre 1980 e 1990. Assim buscaremos contribuir com este saber popular afim de que ele não acabe ou caia no esquecimento. Tendo em vista a crescente oferta dos serviços de saúde em Chapecó neste período e a Lei de Zoneamento de 1980 e sua alteração em 1983 com seu caráter segregacionista que buscava afastar as pessoas de renda mais baixa e manter no centro da cidade somente pessoas com condições socioeconômicas mais favorecidas. Todavia utilizaremos de fontes orais que serão coletadas das próprias curandeiras para conhecermos o perfil delas e como elas viviam, como adquiriram este dom, assim como descobrir a forma que elas realizavam seus rituais de cura. Sendo que este saber foi muito criticado pela medicina, que considerava uma técnica para “ignorantes” e “charlatões” com o intuito de manter o controle sobre o corpo e a doença sob a tutela do estado. Estas mulheres curandeiras são muito respeitadas dentro das comunidades na qual estão inseridas, contribuindo e sendo reconhecidas pelas mesmas, modificando as relações sociais e o próprio espaço, trazendo questionamentos acerca de gêneros e da produção do saber popular. Assim buscaremos neste trabalho tirar este saber das periferias e trazê-lo para dentro da comunidade acadêmica.
Palavras-chave: Curandeirismo; Saber popular; Benzeção
ESPAÇOS E RITUAIS DE INGESTÃO DA AYAHUASCA NO OESTE CATARINENSE: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE UM ESTUDO DE CASO
Natalia Aimée Barilli Concolatto
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), natalia_barilli@hotmail.com
O presente trabalho procura discutir a construção e a permanência de espaços de consumo da Ayahuasca no meio urbano, tendo por objeto de estudo o instituto neoxamânico Céu Caminhos do Amor, situado em Coronel Freitas – SC. A partir de um estudo interdisciplinar abordando aspectos históricos e sociais, é possível compreender a construção histórica do espaço, as relações estabelecidas entre o instituto e a comunidade, e por fim as experiências dos participantes, e sua ligação íntima com o consumo da bebida. Embasa-se em uma gama variada de trabalhos acadêmicos, iniciados por volta da década de 1960, que abordam o uso da Ayahuasca e a relação da bebida com populações urbanas, sendo aqueles de fundamental importância para o desenvolvimento deste trabalho. O Xamanismo entra neste campo de pesquisa a partir do uso da Ayahuasca de forma ritualística, a palavra Xamã tem suas origens a partir da observação de culturas subsaarianas, sendo que normalmente esse termo é associado ao portador dos conhecimentos da floresta. “No Brasil, o conceito de “Xamã” foi traduzido na língua tupi como “pajé” palavra que vem de raiz Mbaé” (WERÁ, 2016, p.46). O crescente interesse em compreender a religiosidade indígena, e principalmente a busca por experiências com estados de êxtase, proporcionado por diversas substâncias incluindo a Ayahuasca entre as décadas de 1960 e 1970, foram de fundamental importância para a difusão destes conhecimentos em comunidades urbanas, de modo que assim emerge o neoxamanismo, entendido como um conglomerado de conhecimentos e especificidades que transitam entre o xamanismo ancestral e as novas formas de consumo da Ayahuasca. Parte-se então deste ponto, buscando compreender os aspectos desta simbiose, em como o meio urbano se conecta ao conhecimento ancestral indígena e também como a partir deste surgem novas formas de olhar para a espiritualidade. O trabalho objetivou mapear as principais linhas Ayahuasqueiras existentes no Brasil e traçar o conjunto originário da fundamentação que institucionalizou espaços neoxamânicos independentes. Contextualizar a caminhada da população vegetalista Ayahuasqueira, ao mesmo tempo em que salienta os principais movimentos destas redes dentro dos grupos Ayahuasqueiros. Abrange concretização do espaço Céu Caminhos do Amor, relacionando sua importância para o local onde esse encontra-se inserido, e mais precisamente, sua contextualização a partir das entrevistas com os fundadores e membros da organização, o que nos permitiu ter uma visão amplificada do que se entende como instituto neoxamânico, além de traçar o diálogo existente entre a comunidade urbana da cidade de Coronel Freitas e o instituto neoxamânico. Abrange as descrições, experiências e compreensões que os participantes têm perante ao espaço, ao considerar suas motivações e relações estabelecidos referentes ao consumo da Ayahuasca. Caracteriza-se por uma abordagem histórica e antropológica que busca contextualizar as experiências que levaram à criação da rede Ayahuasqueira.
SESSÃO 18 - ENSINO DE HISTÓRIA E MOVIMENTOS SOCIAIS
Sala 107B
D. JOSÉ GOMES: A REVOLUÇÃO PELA PALAVRA
Paulo de Oliveira Gomes
UFFS – campus Chapecó, Dissertação, paulogomes610@gmail.com
A apresentação discorre sobre o surgimento dos movimentos sociais na região oeste catarinense, a partir da chegada do Bispo D. José Gomes em 1968. Dom José participou ativamente dos Concílios que levaram a Igreja Católica a fazer a opção pelos pobres. O Bispo vai implantar na Diocese as Comunidades Eclesiais de Base (CEBS), com a renovação teológica, catequética e formação de lideranças de pastorais. Na década de 1970, Chapecó, vivenciou o surgimento dos Movimentos Sociais (Conselho Indigenista Missionário – CIMI; Movimento das Mulheres Agricultoras (MMA); Comissão Pastoral da Terra (CPT) que vieram a formar militantes para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Comissão dos Atingidos por Barragens que vai se transformar em Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Esses movimentos sociais legitimaram a voz da liderança do polêmico bispo católico D. José Gomes. Os movimentos se fortaleceram e provocavam mudanças especialmente no setor agrário. O contexto social era marcado por uma sociedade desigual no campo e na cidade. Nossa pesquisa de mestrado, em andamento, analisa a atuação do Bispo D. José Gomes a frente da Diocese de Chapecó. D. José participou ativamente das Sessões do Concílio Vaticano II, integrou um grupo de bispos adeptos da Teologia da Libertação, que influenciou na ideias de renovação da Igreja, que vai fazer a opção da defesa do mais pobre, do excluído. D. José também participou ativamente da Conferencia de Medellin (CELAM), que aprofundou as ideias do Concílio Vaticano II, a partir da realidade latinoamericana. D. José Gomes iniciou na Diocese de Chapecó, uma revolução pela palavra, a partir da formação de militantes e conscientização da população da Região Oeste Catarinense, resultando no surgimento de Movimentos Sociais que vão impactar em nível local, regional e nacional. A metodologia utilizada envolve a pesquisa bibliográfica e documental. Na revisão bibliográfica realizou-se o levantamento das principais obras sobre D. José Gomes, Teologia da Libertação e CEBs. Quanto à pesquisa documental, exploramos os arquivos da Mitra Diocesana de Chapecó, os Planos Diocesanos de 1967, 1970, 1972, 1074 e 1976 até a realização do Primeiro Encontro Diocesano de Comunidades Eclesiais de Bases – CEBs, quando se aprofunda a ação da igreja através das CEBs.
Palavras-Chave: D. José Gomes; CEBs; Movimentos Sociais.
MÉTODOS DE ENSINO NAS DÉCADAS DE 1920-1949: O VIÉS DE FERNANDO FAVARETTO EM CHAPECÓ-SC
Lucimara Rubia Mossi
UFFS- campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), rubia.mossi@hotmail.com
A pesquisa tem como objetivo analisar o papel da escola em uma região de fronteira agrícola, na cidade de Chapecó-SC, a partir dos cadernos e anotações do professor Fernando Favaretto, no período de 1920-1940. A pesquisa pretende contribuir no conhecimento da trajetória desse professor que teve um papel importante na formação da sociedade chapecoense no período, pois o munícipio estava em seu desenvolvimento inicial. Favaretto foi um dos primeiros moradores e professor da cidade de Chapecó, contribuindo para o que viria a ser a instituição escolar no Oeste Catarinense. As fontes utilizadas são os documentos de ensino, anotações, livros, cadernos de alunos, o Método João de Deus e as listas de presenças. O Método João de Deus ou Cartilha Maternal, elaborada pelo poeta português João de Deus em 1876 propõe uma forma de ensinar a leitura totalmente diferente das já existentes em Portugal. Esse método estabelece novos procedimentos, novas atitudes, uma nova nomenclatura, enfim, um novo ponto de partida para o ensino da leitura que é a palavra e seu significado e não mais a letra e a sílaba em seus sons. Portanto é necessário fazer-se uma contextualização do ensino no Brasil nos primeiros anos de Colonização Portuguesa afim de compreender o porquê de métodos do Brasil Imperial permanecem após a Proclamação da República. Através desses documentos deixados pelo professor Fernando Favaretto, buscaremos respostas às questões relacionadas às suas práticas de ensino, além de identificar as dificuldades enfrentadas.
O ENSINO DE HISTÓRIA NO CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA INTEGRADO AO ENSINO MEDIO DO IFC ABELARDO LUZ
Maristela de Oliveira Freitas
UFFS – campus Chapecó, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), mary.maristelaoliveira@gmail.com
A elaboração da presente pesquisa deu-se inicialmente pela curiosidade em observar como de fato se desenvolvem as práticas do ensino de história no Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal Catarinense Abelardo Luz, além de sua relevância na prática de ensino em uma instituição federal. Construir uma proposta para ensinar história no campo, exige métodos de ensino apropriados e que leve em conta a realidade do aluno. Nesse sentido, a temática que pretende se desenvolver neste estudo é o Ensino de História desenvolvido no Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal Catarinense Abelardo Luz, desde sua instauração em 2013 até 2017. Para direcionar e aprofundar os diálogos, buscaremos responder ao problema de nossa pesquisa, o qual se resume em questionar: Que ensino de História é ofertado em um curso técnico integrado ao Ensino Médio, cuja proposta pedagógica está ancorada na pedagogia da alternância e na perspectiva da educação do campo? Como hipótese, a constatação de que o ensino de história está articulado com a formação técnica e que os conhecimentos de história possuem relação entre o Tempo Escola (atividades realizadas no interior do IFC) com o Tempo Comunidade (refere-se, às atividades de ensino realizadas no espaço comunitário de origem, seja ele a escola, os acampamentos, os assentamentos de reforma agrária, as propriedades rurais etc.) e respeitam os princípios político-pedagógicos da educação do campo. Sendo assim, lançar-se-á brevemente em uma primeira sessão considerações sobre as questões agrárias e sobre a constituição do assentamento São José, em Abelardo Luz, Santa Catarina. Ao percebermos que a luta pela Reforma Agrária na região e, de forma ampliada, a luta pela terra, também é uma luta por educação, abordaremos o contexto de emergência do assentamento, bem como o processo de instauração de um Instituto Federal Catarinense em um assentamento, provocando um olhar a partir dos sujeitos da Reforma Agrária. Em uma segunda sessão, faremos uma análise sobre o curso técnico em agropecuária, que se propõe a ser integrado ao Ensino Médio, em regime de alternância. Utilizando como fonte o Projeto Pedagógico do Curso e o Plano de trabalho da disciplina de história proposta pelo profissional responsável. Em uma terceira sessão será discutido o ensino de História em questão, ou seja, de que forma se aplicam os conceitos básicos em um regime de alternância, distribuindo o plano de aulas entre o Tempo Comunidade e o Tempo Escola. Isso se justifica na medida em que ajuda a compreender de que forma a localização territorial e os princípios político-pedagógicos da educação do campo mexem ou não com o modo de ensinar história nesta instituição.
Palavras-Chave: Ensino de História; Movimentos Sociais; Pedagogia da Alternância; Reforma Agrária;